A
Terra não é um referencial inercial (um referencial é inercial se
uma partícula sobre a qual não atuam forças é vista, nesse
referencial, em repouso ou em movimento retilíneo uniforme) pois
gira em torno do seu eixo. Um ponto, por exemplo, da sua superfície,
descreve um círculo a cada 24 horas. Como todo movimento curvo é
necessariamente acelerado, o nosso referencial Terra não é
inercial. Por outro lado, a segunda lei de Newton, como normalmente
enunciamos (força aplicada = massa x
aceleração) só
vale em referenciais inerciais. Quando o referencial não é
inercial, essa lei precisa de correções. As correções são
introduzidas sob forma de forças inerciais: força aplicada + força
inercial = massa x
aceleração. É
como se a partícula estivesse submetida não somente às forças
aplicadas por outros corpos materiais mas também por uma força
inercial (também chamada de força fictícia). Esse é o preço que
pagamos por não sermos um referencial inercial. Existem vários
tipos de força inercial mas a força relevante para a pergunta é a
de Coriolis. Essa força é sempre lateral, isto é, perpendicular à
velocidade da partícula. Para objetos movendo-se na superfície da
Terra, a força de Coriolis produz um desvio (em relação à direção
da velocidade) para a direita no hemisfério Norte e para a esquerda
no hemisfério Sul. Quando massas de ar começam a se deslocar
radialmente em direção a uma região de baixa pressão, no
hemisfério Sul elas adquirem um movimento lateral como indicado na
figura acima. O resultado é a circulação horária da massa de ar,
que constitui um anticiclone. No hemisfério Norte a circulação é
anti-horária , formando os ciclones. Tudo isso se aplica também à
água escorrendo pelo ralo de uma banheira ou de uma pia: ela circula
no sentido horário no nosso hemisfério e no sentido anti-horário
no hemisfério Norte (Carlos Maurício Chaves. Departamento
de Física, Pontifícia Universidade Católica/RJ; Ciência Hoje,
Junho de 1999).
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