sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Como funciona um detector de mentiras?

O que habitualmente se chama de 'detector de mentiras' é, na verdade, um polígrafo. O polígrafo é um aparelho que registra simultaneamente diversas respostas psicofisiológicas, tais como pressão arterial, batimento cardíaco, fluxo e ritmo respiratório, condutividade da pele, temperatura corporal, microvariações da onda global (tremores vocais) e etc. Teoricamente, o polígrafo, ao registrar alterações provocadas pelo sistema nervoso simpático (ou seja, não passíveis de controle voluntários), seria capaz de verificar se a pessoa submetida ao exame está mentindo. O pressuposto é que o sujeito, ao mentir, sofreria modificações em alguns dos parâmetros aferidos pelo aparelho.
Na avaliação, e examinador faz algumas perguntas de controle, ou seja, perguntas cujas respostas são necessariamente verdadeiras, de modo a calibrar o sistema para uma posição 'neutra'. Na teoria, se alguma pergunta de interesse tem uma resposta que provoque alterações importantes nos parâmetros medidos pelo polígrafo (isto é, se a resposta se desvia da posição 'neutra'), então é porque o examinador deve está mentindo.
A validade dos testes com polígrafos, no entanto, é bastante controversa. O fato é que não é certo que todas as pessoas reajam da mesma forma ao mentir. Alguns criminosos psicopatas, por exemplo, não apresentam variações significativas ao mentir (é mesmo possível que, em algumas perturbações mentais, o doente nem tenha consciência de que está mentindo). Além disso, sabe-se que um treinamento adequado permite que a pessoa simule respostas psicofisiológicas 'estressadas' mesmo quando fala a verdade, o que desorienta totalmente a avaliação. Diz a lenda que alguns agentes secretos são assim treinados, de modo a poderem mentir caso sejam capsulados. Por causa das suas limitações, o 'detector de mentiras' é empregado com muita cautela. Nos Estados Unidos, onde é mais usado, só tem valor indicial, não podendo ser usado como prova.
Fonte: Ricardo Molina de Figueiredo - Instituto de Pesquisa em Som, Imagem e Texto, Faculdade de Ciências médicas, Universidade Estadual de Campinas (SP).
Revista Ciência Hoje, outubro de 2009.

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