O que habitualmente
se chama de 'detector de mentiras' é, na verdade, um polígrafo. O
polígrafo é um aparelho que registra simultaneamente diversas
respostas psicofisiológicas, tais como pressão arterial, batimento
cardíaco, fluxo e ritmo respiratório, condutividade da pele,
temperatura corporal, microvariações da onda global (tremores
vocais) e etc. Teoricamente, o polígrafo, ao registrar alterações
provocadas pelo sistema nervoso simpático (ou seja, não passíveis
de controle voluntários), seria capaz de verificar se a pessoa
submetida ao exame está mentindo. O pressuposto é que o sujeito, ao
mentir, sofreria modificações em alguns dos parâmetros aferidos
pelo aparelho.
Na avaliação, e
examinador faz algumas perguntas de controle, ou seja, perguntas
cujas respostas são necessariamente verdadeiras, de modo a calibrar
o sistema para uma posição 'neutra'. Na teoria, se alguma pergunta
de interesse tem uma resposta que provoque alterações importantes
nos parâmetros medidos pelo polígrafo (isto é, se a resposta se
desvia da posição 'neutra'), então é porque o examinador deve
está mentindo.
A validade dos
testes com polígrafos, no entanto, é bastante controversa. O fato é
que não é certo que todas as pessoas reajam da mesma forma ao
mentir. Alguns criminosos psicopatas, por exemplo, não apresentam
variações significativas ao mentir (é mesmo possível que, em
algumas perturbações mentais, o doente nem tenha consciência de
que está mentindo). Além disso, sabe-se que um treinamento adequado
permite que a pessoa simule respostas psicofisiológicas
'estressadas' mesmo quando fala a verdade, o que desorienta
totalmente a avaliação. Diz a lenda que alguns agentes secretos são
assim treinados, de modo a poderem mentir caso sejam capsulados. Por
causa das suas limitações, o 'detector de mentiras' é empregado
com muita cautela. Nos Estados Unidos, onde é mais usado, só tem
valor indicial, não podendo ser usado como prova.
Fonte: Ricardo Molina de
Figueiredo - Instituto de Pesquisa em Som, Imagem e Texto, Faculdade
de Ciências médicas, Universidade Estadual de Campinas (SP).
Revista Ciência Hoje, outubro de 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário