Deixando
de lado o criacionismo e todas as narrativas religiosas sobre a criação do
universo, a teoria mais aceita é a do Big Bang. Há cerca de 14 bilhões de anos,
toda a matéria e energia do universo estavam concentradas num único ponto
extremamente pequeno, quente e denso. “Aliás, dizer que era um ponto pode dar a
impressão errada de que havia alguma coisa em volta, quando na verdade o
‘ponto’ era tudo o que existia ”, afirma o cosmólogo Mário Novello, pesquisador
do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas).
Aparentemente,
flutuações minúsculas dentro dessa região espalharam seu conteúdo por todas as
direções com violência inimaginável – é o que se costuma chamar de Big Bang, a
“explosão” que, de acordo com a maior parte dos físicos, gerou a matéria, a
energia, o tempo e o espaço. Não haveria sentido falar em “antes” do Big Bang.
A primeira expansão teria sido a mais violenta – o que os cientistas chamam de
“universo inflacionário” – uma bolha que cresceu rapidamente, definindo as
“fronteiras” daquilo que existe. “Não haveria sequer sentido em falar do que
está fora dessa bolha – seria o inobservável, o além”, diz Novello.
Pouco
a pouco, depois da primeira inflação, o conteúdo absurdamente energético da
expansão começou a formar os primeiros núcleos atômicos leves, de elementos
como o hidrogênio e o hélio. O primeiro bilhão de anos do universo presenciou o
surgimento das galáxias. Com as primeiras supernovas, a formação de elementos
atômicos mais pesados – como carbono e ferro – plantou as sementes para o
surgimento do Sistema Solar e da vida aqui na Terra.
Há quem aponte problemas nessa visão aparentemente
simples da criação. Se o Big Bang foi realmente o início de tudo, uma região
com temperatura infinita e densidade infinita, então as leis da física não se aplicariam a ele – o que é uma
inconsistência, porque elas deveriam valer para qualquer momento do universo. É
por isso que pesquisadores como Novello sugerem que o Big Bang seja parte de um
ciclo, e não o real começo de tudo – mas as duas hipóteses, obviamente, ainda
precisam ser provadas.
Super, setembro de 2003.
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