Na
última medição feita dos picos brasileiros, na década de 60, o instrumento usado
foi o barômetro, que calcula a pressão atmosférica (quanto maior a altitude,
menor a pressão). Considerado muito impreciso, o método foi deixado de lado
este ano. E o resultado é uma revolução nas altitudes que os livros de
geografia anunciam.
O
responsável pelas mudanças é o projeto Pontos Culminantes, desenvolvido pelo
IBGE, em parceria com IME (Instituto Militar de Engenharia). O projeto está
refazendo as medições dos principais picos brasileiros e os números são
surpreendentes. A última expedição atravessou a selva amazônica para medir o
pico da Neblina e descobriu que a maior montanha do Brasil é 20 metros menor do
que se pensava. Passou de 3014 metros para exatos 2 993,78. “Hoje, usamos
equipamentos de GPS (Sistema de Posicionamento Global) que são muito precisos”,
diz Carlos Alberto Corrêa e Castro Jr, engenheiro cartógrafo e idealizador do
projeto.
Quatro picos brasileiros – Neblina, 31 de Março, Pedra da Mina e Agulhas
Negras – já tiveram a altitude alterada. Agora serão feitas expedições a
montanhas que nunca foram medidas, o que pode alterar (e muito) o ranking das
altitudes do país.
Precisão
total: Com
GPS é possível saber a altura exata do pico
1. Até o topo
Uma
expedição escala o pico e coloca no topo um receptor de GPS. Uma rede de
satélites fornece a longitude e a latitude e calcula a altitude (linha verde).
Só que os satélites vêem a Terra como uma elipse perfeita, sem relevo. Isso
porque usam como referência uma representação matemática do planeta, chamada de
elipsóide.
2. Segundo tempo
Como
a superfície terrestre é cheia de altos e baixos, é preciso confirmar se a
montanha começa abaixo ou acima do elipsóide. Para medir a altura entre o
início da montanha e o ponto usado como referência pelos satélites (linha
laranja), é usada uma representação do nível do mar da Terra, chamada de geóide.
3. Resultado final
A altitude real do pico deve considerar a altura desde o começo da
montanha, o geóide, até o pico (linha amarela).
Revista Superinteressante.
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