O
urânio possui dois isótopos (átomos do mesmo elemento com massas
diferentes) principais: um com massa (soma de prótons e nêutrons)
igual a 238, que corresponde a 99,3% do total de átomos desse
elemento encontrados na natureza, e outro com 235, que corresponde a
apenas 0,7%. Como quase todos os reatores e bombas nucleares utilizam
U-235 como combustível, é preciso selecionar esse isótopo por
processos sofisticados antes que possa ser utilizado comercial ou
militarmente, o que produz uma vasta quantidade de resíduos de
U-238. É a esse resíduo de U-238 quase puro, que não tem muita
utilidade para processos nucleares, que chamamos urânio empobrecido.
O adjetivo 'empobrecido' significa apenas redução da proporção de
U-235.
Hoje,
com quase 450 usinas nucleares em operação no mundo todo, há
grande disponibilidade de U-238. Por ser um material denso (2,5 vezes
mais que o aço e 1,7 vez mais que o chumbo), sua energia em
movimento é maior e sua eficácia contra blindagens também. Uma
munição à base de U-238 fura facilmente uma barreira de vários
centímetros de espessura resistente aos projéteis convencionais. A
energia do impacto é transformada em calor, resultando em uma
explosão do projétil ao se chocar com o alvo. A explosão dissemina
no ambiente uma nuvem de partículas que podem ser inaladas ou
ingeridas. A Organização Mundial de Saúde adverte que o urânio
empobrecido, embora possua somente 40% da radiação do natural,
preserva sua ação cancerígena, e mantém o mesmo poder
toxicológico. (Fonte:
Afonso
Rodrigues de Aquino, doutor em química e pesquisador do IPEN -
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares; Galileu, 06/2003).
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