domingo, 19 de agosto de 2018

Como funciona o choque do peixe-elétrico?

Usinas hidrelétricas, termelétricas, nucleares e eólicas. Todas elas, você já sabe, produzem energia elétrica. Agora, como um peixe pode conseguir isso? Nem pense em acender um abajur ou carregar seu celular usando um peixe-elétrico. A eletricidade emitida por esses animais é uma forma de defesa, ataque e orientação no ambiente. Vamos entender melhor esse - ai! - choque!
A explicação é a seguinte: algumas espécies de peixes possuem eletrócitos, que são células musculares modificadas. Como assim? Bem, primeiro é preciso saber que qualquer movimento muscular está associado a geração de impulsos elétricos. Acontece que, no caso desses peixes, parte da eletricidade não gasta no movimento do seu corpo, ficando armazenada nos eletrócitos. Daí o contato com esses animais a proximidade deles, produzir - zump! - uma descarga elétrica.
Essa descarga elétrica varia de intensidade de acordo com a espécie. A dona de uma das descargas mais potentes é a raia-torpedo, capaz de produzir 2500 watts de potência - para você ter uma noção, as lâmpadas incandescentes comuns têm potência média de 60 watts. No caso da raia-torpedo, essa potência toda serve para capturar suas presas ou se proteger dos predadores.
Mas será que esse choque não oferece risco ao próprio peixe? Não mesmo! O campo gerado pela descarga de eletricidade do animal situa-se ao redor do seu corpo e somente as correntes de baixa potência estão em contato com o corpo do peixe. Mas isso não quer dizer que ele esteja protegido contra descarga elétrica produzida por outro peixe elétrico...
Não há registros de acidentes fatais envolvendo seres humanos, apesar da enorme potência que alguma espécies são capazes de produzir. Por via das dúvidas, é aconselhável manter distância desses peixes, até porque tomar um choque, por mais fraco que ele seja, não é nada divertido (Mateus Soares, Departamento de Zoologia, USP).

CHC, agosto de 2011.