quinta-feira, 21 de abril de 2022

QUANDO O FÓTON FOI COMPROVADO EXPERIMENTALMENTE?

 O fóton, que pode ser definido como uma partícula de luz, foi proposto teoricamente, em 1905, pelo físico de origem alemã Albert Einstein (1879-1955), que o classificou como a “ideia mais revolucionária” de sua vida. 

Einstein chegou a esse resultado ao analisar o efeito fotoelétrico, fenômeno no qual a luz, ao incidir sobre a superfície de metais, arranca dela elétrons – por sinal, Einstein ganhou o Nobel de 1921 por esse trabalho.

A ideia de que a luz tinha natureza corpuscular foi polêmica desde o início. Por exemplo, o físico alemão Max Planck (1858-1947) – grande incentivador da carreira de Einstein e propositor de ideia semelhante em 1900 para a energia – considerou essa ideia equivocada. 

Em 1913, em carta recomendando Einstein à Academia Prussiana de Ciências, Planck escreveu que seu colega havia dado contribuições relevantes para a física teórica, apesar de ter proposto o “quanta de luz” (fóton). E justificou: não se podem introduzir novas ideias sem correr riscos – entenda-se, cometer erros.

A primeira prova da natureza corpuscular da luz – ou seja, da realidade física do fóton – surgiu em um experimento de Arthur Compton (1892-1962). Nele, esse físico estadunidense fez fótons colidirem contra elétrons. Em termos simples, esses resultados mostravam que o fóton se comportava como ‘uma bola de bilhar’, ricocheteando no elétron. 

O fenômeno ficou conhecido como efeito Compton. Pouco depois, resultados semelhantes foram obtidos por dois físicos alemães, Hans Geiger (1882-1945) e Walther Bothe (1891-1957). 

Por volta de 1925, novos experimentos de Compton, bem com de Geiger e Bothe, corroboraram os resultados anteriores. A partir daí, dizimou-se a dúvida sobre a realidade do fóton – realidade da qual, segundo o físico e historiador da ciência holandês Abraham Pais (1918-2000), só um físico nunca duvidou entre 1905 e 1925: Einstein.

E para encerrar, o termo fóton, na área da física, foi proposto pelo físico-químico estadunidense Gilbert Lewis, em 1926.

O termo se refere a um modo de fazer ciência que teve origem na Segunda Guerra Mundial com o chamado Projeto Manhattan, que construiu as bombas atômicas lançadas sobre o Japão, em agosto de 1945.

Esse projeto reuniu milhares de cientistas, engenheiros e técnicos sob o comando do Exército estadunidense, em empreitada ultrassecreta.

Logo depois do fim da Segunda Guerra, ganhou força nos EUA esse modo centralizado de fazer ciência e administrar milhares de especialistas. Nele, cientistas passaram a trabalhar em grandes laboratórios nacionais, exigindo dos chefes desses projetos capacidade empresarial de administrar pessoas, verbas e metas. 

Um dos primeiros exemplos de Big Science foi a construção da primeira câmara de bolhas (tipo de detector para partículas subatômicas) e a do acelerador Bévatron, também na costa oeste dos EUA. Esses equipamentos levaram, na década de 1950, à detecção do antipróton (próton negativo).

Nos EUA, projetos de Big Science sugavam volumes imensos de verbas vindas de setores militares, a ponto de, em 1954, 98% do financiamento para a física básica naquele país virem da área de defesa – incluindo a poderosa Comissão de Energia Atômica, sucessora do Projeto Manhattan.

Estudos de história da física mostram que essas agências de defesa tinham pouco (ou nenhum) interesse nos resultados científicos: a intenção do financiamento era manter os cientistas mobilizados no pós-guerra, em um período hoje conhecido como Guerra Fria, marcado pela tensão geopolítica entre os EUA e a então União Soviética.

No fim da Segunda Guerra, surgiu o que historiadores da ciência denominam ‘metafísica da Guerra Fria’, ou seja, conhecimento é poder político, econômico e militar. O Brasil foi dos poucos países (talvez, o único) em desenvolvimento que perceberam e, guardadas as proporções, puseram em prática essa doutrina. Isso se deu por meio da montagem de um laboratório de física – ligado ao então recém-fundado Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro (RJ) – a cerca de 5 mil metros de altura no monte Chacaltaya (Bolívia) e da tentativa (frustrada) de construir um acelerador de partículas gigante – no caso, o interesse dos militares era o ciclo completo da energia nuclear, que o Brasil domina hoje.

Nas décadas seguintes, outras áreas da ciência emularam a estrutura da Big Science. Exemplos: o Projeto Genoma, com milhares de pesquisadores de vários países, e um sem-número de colaborações internacionais em astronomia e astrofísica. Hoje, na área de física, o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN), com sede na Suíça, é um caso emblemático de Big Science (Cássio Leite Vieira, Jornalista Especial para a Ciência Hoje).


Ciência Hoje, n. 381.

Como o choque elétrico corrige uma parada cardíaca?

 Fazendo pegar no tranco. O coração funciona com estímulos elétricos que se propagam pelo músculo causando contração e, depois, relaxamento. "Às vezes, por causa de doença cardíaca, acidentes ou complicações cirúrgicas, o impulso engasga e não chega", esclarece o professor Noedir Stolf, do Instituto do Coração, em São Paulo. Quando isso acontece, há fibrilação, isto é, o músculo entra em atividade caótica, sem conseguir contrair nem bombear o sangue.

Em alguns casos, basta uma pancadinha no peito para elimina a arritmia. Em caso de parada cardíaca, os médicos usam o desfibrilador, aparelho que dá choque no tórax. O efeito é o de uma pancada forte. O impacto normaliza a falha elétrica, fazendo o impulso ultrapassar a gagueira e chegar aonde deve. Não substitui o impulso, apenas desimpede o seu caminho. A descarga do choque pode ir até 200 joules (unidade de medida de energia) - o suficiente para acender uma lâmpada de 200 watts por 2 segundos. Mas só funciona quando a parada cardíaca é provocada por fibrilação. Quando o impulso elétrico deixa de ser emitido, só medicamentos ou massagens cardíacas podem fazer o órgão voltar a bater.


SUPER, janeiro de 1998.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

A Exobiologia é reconhecida como ciência?

 Sim, e das mais importantes. Mas, por favor, não confunda Exobiologia, estudo de vida fora da Terra, com Ufologia, que trata de discos voadores. A Exobiologia é um ciência multidisciplinar que mistura elementos da Biologia, Física e Química. " É simplesmente apaixonante", diz o físico Carlos Vianna Speller, da Universidade Federal de Santa Catarina, que construiu um modelo da atmosfera de Titã, uma das luas de Saturno, em laboratório. Apesar da temperatura de 150 graus Celsius negativos, Titã possui os elementos químicos necessários para o surgimento da vida. " É o que a Terra foi há 4 milhões de anos." Ou seja, estudando a atmosfera do satélite, o cientista investiga a gênese e a evolução dos organismos na Terra. Na NASA. a agência espacial norte-americana, a Exobiologia é prioridade.


SUPER, Janeiro de 1998.