sábado, 17 de novembro de 2012

Qual a explicação física e biológica para o fato de o corpo humano se tornar condutor de eletricidade?


O corpo humano é sempre um condutor de eletricidade. Podemos considerar nosso organismo como sendo composto por um grande compartimento delimitado pela pele e cheio de um líquido, conhecido na fisiologia como “meio interno”, em que se banham as células que compõem nossos tecidos. O meio interno é uma solução aquosa de composição muito semelhante à água do mar, em que predominam íons sódio e cloreto, mas com menor concentração (menos de um terço). Portanto, o meio interno é sempre condutor de eletricidade. Nossa pele, por outro lado, quando seca, apresenta uma resistência relativamente alta à passagem de corrente elétrica; mas, quando úmida, torna-se muito mais condutora de eletricidade: sua resistência cai até 100 mil, 1 milhão de vezes.
A conseqüência de encostar a mão, ou qualquer outra parte do corpo, em eletrodos entre os quais haja uma voltagem, é sempre a passagem de corrente elétrica. É isso que percebemos e o que causa, se a corrente for suficientemente intensa, lesão. Os efeitos da corrente elétrica em nosso corpo são muito variáveis, conforme os órgãos atingidos. Se tocamos um eletrodo com a mão direita e o outro com a mão esquerda, a corrente passará pelo coração e o efeito deverá ser maior do que se tocarmos os mesmos dois eletrodos com dois dedos de uma mesma mão, limitando, em grande parte, a passagem da corrente pela própria mão. Quanta corrente elétrica passa (e portanto quão intensas são a sensação de choque e as eventuais lesões) depende principalmente da resistência da pele no ponto de contato com os eletrodos.
Para responder diretamente à pergunta, toda situação em que a umidade da pele aumentar torna o corpo humano mais condutor de eletricidade. Exemplos de tais situações são sudorese (o suor tem composição variável, mas é normalmente semelhante à do meio interno, portanto conduz eletricidade e reduz a resistência de contato da pele) ou estar molhado (pela chuva, por estar lavando pratos, etc.). (Ronald Dennis Ranvaud, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de São Paulo; Ciência Hoje, 08/2005).

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