O corpo humano é
sempre um condutor de eletricidade. Podemos considerar nosso organismo como
sendo composto por um grande compartimento delimitado pela pele e cheio de um
líquido, conhecido na fisiologia como “meio interno”, em que se banham as
células que compõem nossos tecidos. O meio interno é uma solução aquosa de
composição muito semelhante à água do mar, em que predominam íons sódio e
cloreto, mas com menor concentração (menos de um terço). Portanto, o meio
interno é sempre condutor de eletricidade. Nossa pele, por outro lado, quando
seca, apresenta uma resistência relativamente alta à passagem de corrente
elétrica; mas, quando úmida, torna-se muito mais condutora de eletricidade: sua
resistência cai até 100 mil, 1 milhão de vezes.
A conseqüência de
encostar a mão, ou qualquer outra parte do corpo, em eletrodos entre os quais
haja uma voltagem, é sempre a passagem de corrente elétrica. É isso que
percebemos e o que causa, se a corrente for suficientemente intensa, lesão. Os
efeitos da corrente elétrica em nosso corpo são muito variáveis, conforme os
órgãos atingidos. Se tocamos um eletrodo com a mão direita e o outro com a mão
esquerda, a corrente passará pelo coração e o efeito deverá ser maior do que se
tocarmos os mesmos dois eletrodos com dois dedos de uma mesma mão, limitando,
em grande parte, a passagem da corrente pela própria mão. Quanta corrente
elétrica passa (e portanto quão intensas são a sensação de choque e as
eventuais lesões) depende principalmente da resistência da pele no ponto de
contato com os eletrodos.
Para responder
diretamente à pergunta, toda situação em que a umidade da pele aumentar torna o
corpo humano mais condutor de eletricidade. Exemplos de tais situações são
sudorese (o suor tem composição variável, mas é normalmente semelhante à do
meio interno, portanto conduz eletricidade e reduz a resistência de contato da
pele) ou estar molhado (pela chuva, por estar lavando pratos, etc.). (Ronald
Dennis Ranvaud, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de São Paulo;
Ciência Hoje, 08/2005).
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