Existem
três modalidades de mergulho: amador ou desportivo, técnico e
profissional. Este último também é considerado um mergulho técnico
e está relacionado a alguma atividade como, por exemplo, a
exploração de petróleo. Quanto mais complexo for o tipo de
mergulho, maior é o número de exigências para exercê-lo. Os
interessados em quaisquer dessas modalidades devem submeter-se a uma
avaliação física detalhada e receber treinamento para maximizar a
segurança e evitar danos à saúde. O homem vive sob o peso dos
gases da atmosfera. No nível do mar, a pressão é de 760 mmHg ou 1
ATA (atmosfera absoluta). Quando mergulhamos, adicionamos ao peso dos
gases o peso d’água sobre nós. Como a água é mais densa que o
ar, a cada 10 m de profundidade o mergulhador sofre a ação de 1
ATA. Assim, ao mergulhar 20 m, o indivíduo sofre a ação de 3 ATA
(20 m = 2 ATA + 1 ATA da atmosfera). O aumento da pressão ambiental
pode provocar lesões chamadas barotraumas, devidas à diferença de
pressão entre o meio externo e as cavidades internas do corpo. Como
estas não têm comunicação com a parte externa, as pressões não
se equilibram e esses espaços podem ser comprimidos, provocando dor
e desconforto progressivos. Os barotraumas podem comprometer ouvidos,
seios da face, dentes e pulmões. A diferença de pressão também
pode causar paralisia facial ou ainda a síndrome da hiperdistensão
pulmonar. Esta decorre da expansão do volume de gases no pulmão,
quando há diferença de pressão entre esse órgão e o meio
externo. Durante o mergulho autônomo (com utilização de cilindro),
o ar que se respira é comprimido. Se o mergulhador prende a
respiração e se desloca para uma área menos profunda, o ar se
expande exageradamente nos pulmões (por diminuição da pressão
externa), podendo causar rompimento dos alvéolos e pneumotórax. Por
isso, uma regra básica do mergulho autônomo é respirar
continuamente, sem prender a respiração, sobretudo na subida em
direção à superfície. Outra causa de lesão é a chama- da doença
descompressiva. O regime de pressão alta faz com que o nitrogênio
do ar respirado se dissolva nos tecidos. A quantidade absorvida
depende da profundidade e do tempo do mergulho, ou seja, quanto maior
a profundidade, menor deve ser o tempo de mergulho. Se há nitrogênio
em excesso nos tecidos e no sangue circulante, bolhas de nitrogênio
se formam por descompressão rápida durante a subida – situação
comparável à formação de bolhas quando se abre um refrigerante.
Os sintomas podem variar entre formigamento, perda de sensibilidade e
dores articulares até paralisia, insuficiência respiratória,
inconsciência e choque, que podem levar à morte. A osteonecrose
asséptica e a narcose por nitrogênio são também lesões causadas
pela diferença de pressão entre o meio aquático e o corpo do
mergulhador. A primeira consiste no entupimento dos vasos que irrigam
os ossos devido à formação de bolhas; a segunda, provocada pelo
aumento de nitrogênio no sangue, pode evoluir para crises
convulsivas e desmaio, já que, sob pressão, esse gás tem efeito
anestésico. Além dos barotraumas, o mergulhador está exposto
também à hipóxia (diminuição da quantidade de oxigênio no
sangue) e à hipotermia,que decorre da variação de temperatura (em
regiões mais profundas,costuma ser baixa). No ambiente aquático, o
indivíduo pode ainda ser vítima de afogamento,de lesões causadas
por toxinas e de feridas que comprometem a integridade da pele e dos
músculos.Por essas razões, ao mergulhar,nunca devemos nos esquecer
de que a água não é o nosso meio natural,além de tomar todas as
precauções necessárias (Flávio Lopes Ferreira, Especialista
em medicina hiperbárica, mergulhador do Centro de Aventuras Belo
Horizonte;CH, dezembro de 2002).
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