quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Que problemas de saúde a prática de mergulho pode trazer?


Existem três modalidades de mergulho: amador ou desportivo, técnico e profissional. Este último também é considerado um mergulho técnico e está relacionado a alguma atividade como, por exemplo, a exploração de petróleo. Quanto mais complexo for o tipo de mergulho, maior é o número de exigências para exercê-lo. Os interessados em quaisquer dessas modalidades devem submeter-se a uma avaliação física detalhada e receber treinamento para maximizar a segurança e evitar danos à saúde. O homem vive sob o peso dos gases da atmosfera. No nível do mar, a pressão é de 760 mmHg ou 1 ATA (atmosfera absoluta). Quando mergulhamos, adicionamos ao peso dos gases o peso d’água sobre nós. Como a água é mais densa que o ar, a cada 10 m de profundidade o mergulhador sofre a ação de 1 ATA. Assim, ao mergulhar 20 m, o indivíduo sofre a ação de 3 ATA (20 m = 2 ATA + 1 ATA da atmosfera). O aumento da pressão ambiental pode provocar lesões chamadas barotraumas, devidas à diferença de pressão entre o meio externo e as cavidades internas do corpo. Como estas não têm comunicação com a parte externa, as pressões não se equilibram e esses espaços podem ser comprimidos, provocando dor e desconforto progressivos. Os barotraumas podem comprometer ouvidos, seios da face, dentes e pulmões. A diferença de pressão também pode causar paralisia facial ou ainda a síndrome da hiperdistensão pulmonar. Esta decorre da expansão do volume de gases no pulmão, quando há diferença de pressão entre esse órgão e o meio externo. Durante o mergulho autônomo (com utilização de cilindro), o ar que se respira é comprimido. Se o mergulhador prende a respiração e se desloca para uma área menos profunda, o ar se expande exageradamente nos pulmões (por diminuição da pressão externa), podendo causar rompimento dos alvéolos e pneumotórax. Por isso, uma regra básica do mergulho autônomo é respirar continuamente, sem prender a respiração, sobretudo na subida em direção à superfície. Outra causa de lesão é a chama- da doença descompressiva. O regime de pressão alta faz com que o nitrogênio do ar respirado se dissolva nos tecidos. A quantidade absorvida depende da profundidade e do tempo do mergulho, ou seja, quanto maior a profundidade, menor deve ser o tempo de mergulho. Se há nitrogênio em excesso nos tecidos e no sangue circulante, bolhas de nitrogênio se formam por descompressão rápida durante a subida – situação comparável à formação de bolhas quando se abre um refrigerante. Os sintomas podem variar entre formigamento, perda de sensibilidade e dores articulares até paralisia, insuficiência respiratória, inconsciência e choque, que podem levar à morte. A osteonecrose asséptica e a narcose por nitrogênio são também lesões causadas pela diferença de pressão entre o meio aquático e o corpo do mergulhador. A primeira consiste no entupimento dos vasos que irrigam os ossos devido à formação de bolhas; a segunda, provocada pelo aumento de nitrogênio no sangue, pode evoluir para crises convulsivas e desmaio, já que, sob pressão, esse gás tem efeito anestésico. Além dos barotraumas, o mergulhador está exposto também à hipóxia (diminuição da quantidade de oxigênio no sangue) e à hipotermia,que decorre da variação de temperatura (em regiões mais profundas,costuma ser baixa). No ambiente aquático, o indivíduo pode ainda ser vítima de afogamento,de lesões causadas por toxinas e de feridas que comprometem a integridade da pele e dos músculos.Por essas razões, ao mergulhar,nunca devemos nos esquecer de que a água não é o nosso meio natural,além de tomar todas as precauções necessárias (Flávio Lopes Ferreira, Especialista em medicina hiperbárica, mergulhador do Centro de Aventuras Belo Horizonte;CH, dezembro de 2002).

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