Quando
as ondas se propagam em águas intermediárias ou rasas (regiões com
profundidades menores que a metade do comprimento da onda), a
geometria do fundo do mar interfere em suas características. As
irregularidades se manifestam na forma da onda, alterando tanto sua
altura como a velocidade e a direção de sua propagação. Na zona
de balneabilidade (própria para banho), as profundidades são bem
pequenas e esses efeitos tornam-se evidentes. É comum observar que
as ondas, quando arrebentam, formam um ângulo em relação à costa.
Isso faz com que elas gerem correntes paralelas à linha de praia,
chamadas ‘correntes longitudinais’, que o banhista experimenta
quando é levado para um lado ou para o outro em função do ‘ângulo
de ataque’ da onda. Além disso, a altura da onda perto da
arrebentação, ao longo do arco praial, não é constante, ou seja,
há regiões em que ela é maior e outras em que é menor. Isso
provoca uma concentração de energia nos pontos de maiores alturas,
gerando células de circulação que partem da praia para as laterais
em direção ao fundo. A corrente orientada para o fundo é chamada
‘corrente de retorno’. Os surfistas a utilizam quando entram no
mar, remando sobre pranchas, até atingirem o ponto de largada da
raia de surfe. Popularmente, esses pontos são conhecidos como ‘boca’
e em geral são sinalizados com bandeira vermelha pela equipe de
salva-vidas do local. Na maioria das praias, os fundos são compostos
por areia, sedimento desagregado que, sob a ação de ondas, tem
grande mobilidade. Isso significa que as posições das bocas não
são fixas, mas mudam de lugar à mercê do clima de ondas incidente
(Enise Valentini, Programa de Engenharia
Oceânica, Coppe e Departamento de Recursos Hídricos e Meio
Ambiente, Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro; CH, maio de 2004).
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