sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Se as ondas correm em direção à praia, por que os banhistas às vezes são puxados para o mar?


Quando as ondas se propagam em águas intermediárias ou rasas (regiões com profundidades menores que a metade do comprimento da onda), a geometria do fundo do mar interfere em suas características. As irregularidades se manifestam na forma da onda, alterando tanto sua altura como a velocidade e a direção de sua propagação. Na zona de balneabilidade (própria para banho), as profundidades são bem pequenas e esses efeitos tornam-se evidentes. É comum observar que as ondas, quando arrebentam, formam um ângulo em relação à costa. Isso faz com que elas gerem correntes paralelas à linha de praia, chamadas ‘correntes longitudinais’, que o banhista experimenta quando é levado para um lado ou para o outro em função do ‘ângulo de ataque’ da onda. Além disso, a altura da onda perto da arrebentação, ao longo do arco praial, não é constante, ou seja, há regiões em que ela é maior e outras em que é menor. Isso provoca uma concentração de energia nos pontos de maiores alturas, gerando células de circulação que partem da praia para as laterais em direção ao fundo. A corrente orientada para o fundo é chamada ‘corrente de retorno’. Os surfistas a utilizam quando entram no mar, remando sobre pranchas, até atingirem o ponto de largada da raia de surfe. Popularmente, esses pontos são conhecidos como ‘boca’ e em geral são sinalizados com bandeira vermelha pela equipe de salva-vidas do local. Na maioria das praias, os fundos são compostos por areia, sedimento desagregado que, sob a ação de ondas, tem grande mobilidade. Isso significa que as posições das bocas não são fixas, mas mudam de lugar à mercê do clima de ondas incidente (Enise Valentini, Programa de Engenharia Oceânica, Coppe e Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro; CH, maio de 2004).

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