quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Quando um raio cai no mar, por que algumas espécies marinhas não morrem, já que a carga é da ordem de megawatts e a água tem íons suficientes para transportá-la?


O efeito destrutivo da eletricidade está associado à intensidade da corrente que flui pelo corpo da vítima. O que provoca o fluxo de corrente é justamente a diferença de potencial que existe nas diversas partes de seu corpo. Mas o potencial elétrico em si não é um perigo. É por isso que um pássaro pousa sobre um fio de alta tensão sem nada sofrer. Embora o potencial do fio seja elevado, não há diferença de potencial entre as pernas da ave (posicionadas sobre o mesmo condutor) para gerar fluxo de corrente em seu organismo.
Assim, quando uma descarga atmosférica atinge o mar, a corrente é injetada na água e há grande elevação de potencial no ponto de incidência, onde a corrente está concentrada. Os seres vivos (eventuais nadadores, inclusive) que estiverem próximos desse ponto correm sério risco, podendo até morrer, já que a distribuição de potenciais na região é capaz de submeter o corpo da vítima a correntes intensas que podem causar paradas cardíacas e respiratórias. Mas, à medida que se afasta do ponto de incidência, a densidade de corrente diminui muito rapidamente (com o quadrado da distância) e, também, o potencial elétrico.
Vale lembrar que os seres vivos suportam diferentes níveis de corrente elétrica. Assim, uma mesma corrente pode matar um indivíduo e não causar efeitos tão lesivos em outros (Silvério Visacro Filho, Centro de Pesquisas sobre Raios, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais e Companhia Energética de Minas Gerais, Ciência Hoje, 11/2004).

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