Por volta de 1907 ou 1908,
Santos-Dumont disse a Louis Cartier, um fabricante de relógios da época, que
sentia necessidade de medir o tempo de voo, em suas aeronaves, sem precisar
tirar as mãos do comandos. Cartier mandou fazer, então, um relógio preso ao
pulso para o aviador usar. O “modelo Santos” passou a ser vendido em 1911. Por
ser usado por uma personalidade do porte de Santos-Dumont, fez enorme sucesso.
Virou moda.
Atualmente, o que não faltam são
relógios de pulso à venda. Mas como eles marcam o tempo? Um relógio precisa
basicamente de três coisas para funcionar: de energia, de um mecanismo para
medir a passagem do tempo e de uma forma de mostrar que horas são. Podemos
dizer que há dois tipos de relógio de pulso hoje: os mecânicos e os
eletrônicos, dependendo da forma utilizada para medir o tempo.
Os primeiros relógios mecânicos foram
inventados em meados do século 19. O mecanismo deles era – e ainda é – cheio de
engrenagens, eixos, parafusos, molas etc. Para fazê-los funcionar, é preciso
dar corda neles. Isso porque quem marca o tempo nesses acessórios é um balanço,
que oscila alternadamente, em torno do próprio eixo, no sentido horário e
anti-horário. Ao darmos corda no relógio, enrolamos uma mola, feita de metal
fino, que, por meio de um mecanismo de engrenagens, vai lenta e constantemente
fornecendo um impulso ao balanço, permitindo que ele continue oscilando e
marcando o tempo.
O relógio de pulso a corda reinou
absoluto até a década de 1920, quando se criou o modelo automático, que não
precisava receber corda manualmente, pois isso era feito pelo rotor, uma peça
que gira quando o usuário move o braço. Os relógios mecânicos automáticos,
porém, param de funcionar após dois ou três dias sem uso.
Já o relógio a quartzo – o mais
vendido hoje – só para quando acaba a bateria, que pode ser substituída. Ele
não mede o tempo da mesma forma que os relógios automáticos ou de corda. Nesse
modelo, que passou a ser fabricado em larga escala no final da década de 1960,
o tempo é medido pela vibrações de cristais de quartzo, que são transformadas
em um sinal elétrico, e não pelo movimento do balanço, o que o torna geralmente
mais preciso que os mecânicos.
Por seu dispositivo de medida do
tempo ser eletrônico e, não, mecânico, o relógio a quartzo pode ser considerado
um relógio eletrônico, embora os relógios a quartzo com ponteiros ainda
precisem de algumas engrenagens, eixos etc. Nas últimas décadas, os relógios
eletrônicos digitais se tornaram populares. Neles, uma tela – de cristal
líquido – mostra as horas por meio de números, substituindo os ponteiros dos
relógios mecânicos. O seu mecanismo, totalmente eletrônico, sem qualquer peça
mecânica, emprega ainda um chip, como os dos computadores, o que dá a eles
várias funções: alarmes, agenda, banco de dados, calculadora etc.
No tempo de Santos-Dumont, relógios
eram caros, vendidos em joalherias ou relojoarias e feitos para durar décadas.
Hoje, são mais baratos e estão à venda até em barracas de camelô. Ruim? Veja
pelo lado bom: hoje, qualquer um pode ter um relógio! E o seu? De que tipo é?
Cássio Leite Vieira, Especial para Ciência Hoje das
Crianças.
Ciência Hoje das Crianças, setembro
de 2006.