quarta-feira, 17 de setembro de 2014

As divisões cardeais são válidas quando se está na Terra, mas fora dela esse sistema de orientação perde o sentido. Como, então, se orientam as naves que realizam viagens espaciais?

Uma nave espacial realmente não pode usar os pontos cardeais – Leste, Oeste, Norte, Sul – como orientação no espaço, uma vez que esses conceitos se aplicam apenas na Terra. Sendo assim, ela precisa recorrer a outros mecanismos para orientação. Existem diversos, todos baseados em algum tipo de sensor, isto é, em instrumentos que efetuam medidas.
O sensor solar é um dos mais comuns. Ele determina a direção do Sol em relação à espaçonave e, com base nisso, ela pode orientar. A complexidade desse sensor depende dos requisitos de precisão da missão, podendo ir desde uma simples célula solar até mecanismos ópticos de alta precisão.
A Lua e a própria Terra também podem servir como pontos de orientação no espaço. Há sensores capazes de indicar a posição desses astros, e as informações por eles coletadas também podem orientar a nave.
Um sistema mais sensível é baseado na posição das estrelas. São sensores que as detectam e identificam certo número delas no céu. Tornando assim possível a localização da nave espacial. Quanto maior o número de estrelas consideradas, mais preciso será o posicionamento. A tecnologia envolvida nesse sensor é bem mais complexa, uma vez que a luminosidade das estrelas é bem menor que a dos demais astros. Existem também sistemas que são então baseados na observação de astros, como, pode exemplo, o giroscópio. É um aparelho que utiliza princípios de inércia para medir a rotação que um corpo sofre no espaço. Os mais comuns são baseados em uma massa em rotação – medindo as rotações, é possível saber como a nave muda sua orientação no espaço. Nessa classe de sensores existem também os magnetômetros, que são aparelhos que medem o campo magnético. Com base nessa medida, e conhecendo um mapa de como esse campo varia, é possível saber a orientação da espaçonave.

Antônio Bertachini de Almeida Prado
Divisão de Mecânica Espacial e Controle, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais


Ciência Hoje, Agosto de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário