Esta é uma reação
instintiva para protegermos nossa audição. A cóclea (parte interna do ouvido)
tem uma membrana que vibra de acordo com as frequencias sonoras que ali chegam.
A parte mais próxima ao exterior está ligada à audição de sons agudos; a região
mediana é responsável pela audição de sons de frequência média; e a porção mais
final, por sons graves. As células da parte inicial, mais delicadas e frágeis,
são facilmente destruídas – razão por que, ao envelhecermos, perdemos a
capacidade de ouvir sons agudos. Quando frequencias muito agudas chegam a essa
parte da membrana, as células podem ser danificadas, pois quanto mais alta a
frequencia, mais energia tem seu movimento ondulatório. Isso, em parte, explica
nossa aversão a determinados sons agudos, mas não a todos. Afinal, geralmente
não sentimos calafrios ou uma sensação ruim ao ouvirmos uma música com notas
agudas.
Aí podemos acrescentar
outro fator. Uma nota de violão tem um número limitado e pequeno de frequencias
– formando um som mais ‘limpo’. Já no espectro de som proveniente de unhas
arranhando um quadro-negro (ou do atrito entre isopores ou entre duas bexigas
de ar) há um número infinito delas. Assim, as células vibram de acordo com
muitas frequencias e aquelas presentes na parte inicial da cóclea, por serem
mais frágeis, são lesadas com maior facilidade. Daí a sensação de aversão a
esses sons agudos e ‘crus’.
Ronald Ranvaud
Departamento de Fisiologia e Biofísica, Universidade de São
Paulo.
Qual a finalidade desse texto?
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