Os métodos tradicionais de
identificação forense de cadáveres são geralmente baseados em exames de
impressões digitais, arcada dental ou ossos. Entretanto, em casos de desastres
aéreos, principalmente aqueles em que houve incêndio e explosão, como o do vôo
TAM 3054, frequentemente esses métodos não podem ser utilizados e temos de
recorrer ao estudo do DNA.
O DNA é uma molécula
orgânica constituída de longas cadeias de milhões de bases. Para identificação
das pessoas, podemos estudar regiões repetitivas do DNA nuclear (chamadas
microssatélites ou STRs) ou alternativamente regiões variáveis do DNA
mitocondrial. O DNA mitocondrial tem a vantagem de existir em milhares de
cópias nas células, de forma que sua análise é mais sensível. De qualquer
forma, precisamos de cadeias de pelo menos 100-150 bases para fazer esses
exames. Com altas temperaturas, as cadeias de DNA se quebram em pedaços
pequenos. Se estes forem menores que o tamanho crítico de 100 bases, os estudos
se tornam efetivamente inviáveis.
Na prática, mesmo em casos
de explosão, frequentemente é possível encontrar alguma parte de um cadáver que
não tenha sido completamente carbonizada. O DNA no interior dos ossos e
especialmente dos dentes está mais bem protegido e, em um bom número de casos,
podem-se obter fragmentos de tamanho adequado para análise. A identificação
então é feita pela comparação do padrão genético das vítimas com familiares. No
caso do DNA mitocondrial, basta a mãe, um irmão ou irmã ou qualquer outro
parente em linhagem materna para a identificação.
No caso de não ser possível
uma identificação dos corpos, as famílias podem conseguir uma decisão judicial
de “morte presumida” para obter um atestado de óbito.
Sergio D. J. Pena
Departamento de Bioquímica e Imunologia, Universidade Federal
de Minas Gerais e Laboratório GENE (MG)
Revista Ciência Hoje, Setembro de 2007.
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