sábado, 22 de dezembro de 2012

Um campo magnético pode barrar partículas radioativas?


O leitor deve estar se referindo às partículas emitidas por núcleos atômicos instáveis no processo de formação de núcleos mais estáveis. Tais partículas denominam-se alfa (um núcleo de dois prótons e dois nêutrons ligados entre si, com carga elétrica positiva) e beta (elétrons com carga elétrica negativa ou sua antipartícula, o pósitron, com carga elétrica positiva). O núcleo atômico instável pode emitir também radiação eletromagnética, denominada raios gama, com carga elétrica nula.
O campo magnético atua sobre partículas com carga elétrica não nula, exercendo sobre elas uma força magnética que se desvia de sua trajetória inicial. Não haverá desvio de trajetória quando um raio gama ou nêutrons penetra na região onde existe campo magnético. Se o leitor estiver pensando em usar um campo magnético para fazer blindagem, não considero essa uma solução adequada, pois raios gamas e nêutrons, bastante penetrante, podem atravessar grandes espessuras. Um campo magnético poderá também interferir no desempenho de equipamentos eletrônicos sensíveis que estejam por perto.
Atualmente, usa-se chumbo para blindar raios gama e água e/ou parafina misturada com boro para blindar nêutrons. Para as partículas alfa e beta, pode-se fazer uma blindagem fina, de materiais leves, como o alumínio. Os raios X (radiação eletromagnética) utilizados em hospitais, clinicas médicas e laboratórios de pesquisas também são penetrantes e não interagem com o campo magnético. A blindagem adotada nesse caso é a mesma usada para proteger contra radiação gama.
Felizmente, para nossa proteção, a terra é envolvida por um campo magnético que 'blinda' os prótons, os elétrons e outras partículas com carga elétrica proveniente do Sol. Algumas dessas podem, no entanto, atingir a superfície terrestre e podem causar problemas se seu fluxo for intenso.
Otavio Portezan Filho
Departamento de Física,
Universidade Estadual de Londrina (PR)
Fonte: Revista Ciência Hoje, janeiro /fevereiro de 2009.

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