O leitor deve estar se referindo às partículas emitidas por
núcleos atômicos instáveis no processo de formação de núcleos mais estáveis.
Tais partículas denominam-se alfa (um núcleo de dois prótons e dois nêutrons
ligados entre si, com carga elétrica positiva) e beta (elétrons com carga
elétrica negativa ou sua antipartícula, o pósitron, com carga elétrica
positiva). O núcleo atômico instável pode emitir também radiação
eletromagnética, denominada raios gama, com carga elétrica nula.
O campo magnético atua sobre partículas com carga elétrica
não nula, exercendo sobre elas uma força magnética que se desvia de sua
trajetória inicial. Não haverá desvio de trajetória quando um raio gama ou
nêutrons penetra na região onde existe campo magnético. Se o leitor estiver
pensando em usar um campo magnético para fazer blindagem, não considero essa
uma solução adequada, pois raios gamas e nêutrons, bastante penetrante, podem
atravessar grandes espessuras. Um campo magnético poderá também interferir no
desempenho de equipamentos eletrônicos sensíveis que estejam por perto.
Atualmente, usa-se chumbo para blindar raios gama e água
e/ou parafina misturada com boro para blindar nêutrons. Para as partículas alfa
e beta, pode-se fazer uma blindagem fina, de materiais leves, como o alumínio.
Os raios X (radiação eletromagnética) utilizados em hospitais, clinicas médicas
e laboratórios de pesquisas também são penetrantes e não interagem com o campo
magnético. A blindagem adotada nesse caso é a mesma usada para proteger contra
radiação gama.
Felizmente, para nossa proteção, a terra é envolvida por um
campo magnético que 'blinda' os prótons, os elétrons e outras partículas com
carga elétrica proveniente do Sol. Algumas dessas podem, no entanto, atingir a
superfície terrestre e podem causar problemas se seu fluxo for intenso.
Otavio Portezan Filho
Departamento de Física,
Universidade Estadual de Londrina (PR)
Fonte: Revista Ciência Hoje, janeiro
/fevereiro de 2009.
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