É difícil notar essas evidências se o país desenvolve armas
nucleares secretamente, mas sabemos que, para conseguir isso, um pré-requisito
que o país precisa ter é o domínio completo da tecnologia nuclear. Entretanto,
quando um tratado internacional é assinado, tendo a Organizações das Nações
Unidas (ONU) como pano de fundo, o país está se comprometendo a não produzir
armar nucleares. É importante lembrar, contudo, que produzir uma bomba atômica
não significa produzir uma arma nuclear. Fazer uma bomba pode ser fácil, mas
não é fácil fazer uma arma de destruição em massa, porque precisa ser bastante
pequena e leve, para que possa ser lançada por mísseis. Quando o país começa a
testar mísseis, ele desperta a preocupação dos outros em relação ao
desenvolvimento de armas nucleares e isso pode vir a ser outra evidência.
A demonstração iraniana no
domínio das tecnologias nucleares, e de mísseis, tem certa semelhança às
demonstrações da Índia e do Paquistão, ao realizarem seus testes nucleares.
Atualmente, o único país que mantém uma política de ambiguidade sobre sua
capacidade nuclear seria Israel, apesar da forte suspeita internacional sobre a
existência de seu arsenal nuclear. O Irã age de maneira explícita e convoca a
imprensa para anunciar seus feitos. A demonstração do seu potencial nuclear não
seria apenas uma encenação, mas um jogo político para que, por meio do temor de
que desenvolva um arsenal nuclear, tenha condições de diálogo no contexto do
tratado de não proliferação nuclear (TNP) da ONU.
Fernando de Souza Barros, Instituto de
Física (Professor Emérito), Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Revista Ciência Hoje, v. 46, n. 272.
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