quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Por que levamos Choque ao tocar em objetos sem Corrente Elétrica?


O choque é o conjunto de sensações causadas pela passagem de corrente elétrica pelo nosso corpo. Ele ocorre quando tocamos, ao mesmo tempo, em dois objetos entre os quais existia uma diferença de potencial elétrico. Esse potencial resulta da presença de cargas elétricas nos objetos – muitas cargas positivas e poucas cargas negativas, por exemplo, representam um potencial muito positivo, que pode chegar a milhares de volts. Os dois objetos podem perfeitamente ser isolantes (que não conduzem corrente elétrica), mas se entre ele houver uma diferença de potencial elétrico e ambos forem conectados por um condutor, como o corpo humano, irá ocorrer a passagem de corrente, causando a sensação de choque.
Dois isolantes podem ter potenciais elétricos desiguais se um deles contiver muitas cargas negativas e o outro muitas cargas positivas ou se um tiver muitas cargas (positivas ou negativas) e o outro poucas cargas (positivas ou negativas).
Colocando um condutor entre eles, os potenciais elétricos tendem a se tornar iguais, por isso as cargas fluem de um isolante para outro. Essa parte do fenômeno é bem conhecida e fácil de demonstra experimentalmente. Há outra parte muito pouco conhecida: a natureza das cargas elétricas em um isolante eletrizado. As cargas são de elétron (partículas negativas), de íons (átomos ou moléculas eletricamente carregados positiva ou negativamente) ou de quê? Um trabalho recentíssimo (Gouveia ET AL., J. Phys. Chem B, 2005) mostrou que cargas originadas na superfície do filme de sílica – um material isolante – formado sobre uma lâmina de silício são iônicas: as negativas (formadas mais facilmente) são íons silicato e as positivas, íons hidroxônio. Outra descoberta desse mesmo trabalho foi que todos os íons da superfície de sílica eletrizada resultam da quimissorção da água, isto é, da ligação das moléculas de vapor d’ água à sílica.
Fernando Galembeck, Universidade Estadual de Campinas.
Ciência Hoje,v.38, n. 227.

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