domingo, 2 de dezembro de 2012

Por que o campo magnético do planeta desloca-se com o passar do tempo?


O campo magnético da terra, isto é, o campo que os navegantes têm usado durante os últimos séculos para se orientar através de bússolas, tem a sua origem no interior da terra. Ele é produzido por um complexo movimento de cargas elétricas na parte líquida  do interior do planeta, e se acredita que seja formado fundamentalmente por ferro e níquel fundidos. A forma do campo é similar ao campo de um ímã, assemelhando-se, nos pólos, a um chafariz.
Considere um liquidificador com água e sementes de gergelim dentro dele. Apesar de a fonte de movimento ser relativamente simples (as pás metálicas girando), o movimento das sementes é bastante complexo e dificilmente será repetitivo (quer dizer, a mesma semente passar sempre pelo mesmo percurso). Imagine agora o quão complexo pode chegar a ser o movimento de cargas dentro da terra, onde, além do movimento de rotação, temos, entre muitos outros fatores, fontes de calor (elementos radioativos que se decompõem), efeitos da parte sólida do planeta (devido ao movimento de placas tectônicas) e deformações do planeta devido ao efeito da gravidade do Sol e da Lua (não só a água do mar apresenta marés).
Assim, o campo magnético da terra, longe de ser constante, varia continuamente. Essa variação não se dá só em intensidade em cada ponto, como também em direção. Com isso, o pólo norte magnético está em contínuo movimento. Em períodos curtos de tempo (algumas centenas de anos), o percurso do pólo lembra o deslocamento de uma formiga. Para períodos maiores (5 mil anos ou mais), chega a andar tanto que o que conhecemos hoje como pólo magnético Norte já foi o pólo magnético Sul. É isto que é conhecido como reversão do campo magnético terrestre. Os mecanismos que produzem todas essas mudanças são extremamente complexos e estão longe de ser completamente compreendidos. Até hoje, há um grande número de cientistas que se dedica a tentar desvendar seus segredos.
André R. R. Papa, Instituto de Física, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Coordenação de Geofísica, Observatório Nacional.

Revista Ciência Hoje, janeiro de 2007

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