O campo magnético da terra, isto é, o campo que os navegantes têm usado
durante os últimos séculos para se orientar através de bússolas, tem a sua
origem no interior da terra. Ele é produzido por um complexo movimento de
cargas elétricas na parte líquida do
interior do planeta, e se acredita que seja formado fundamentalmente por ferro
e níquel fundidos. A forma do campo é similar ao campo de um ímã,
assemelhando-se, nos pólos, a um chafariz.
Considere um liquidificador com água e sementes de gergelim dentro
dele. Apesar de a fonte de movimento ser relativamente simples (as pás
metálicas girando), o movimento das sementes é bastante complexo e dificilmente
será repetitivo (quer dizer, a mesma semente passar sempre pelo mesmo
percurso). Imagine agora o quão complexo pode chegar a ser o movimento de
cargas dentro da terra, onde, além do movimento de rotação, temos, entre muitos
outros fatores, fontes de calor (elementos radioativos que se decompõem), efeitos
da parte sólida do planeta (devido ao movimento de placas tectônicas) e
deformações do planeta devido ao efeito da gravidade do Sol e da Lua (não só a
água do mar apresenta marés).
Assim, o campo magnético da terra, longe de ser constante, varia
continuamente. Essa variação não se dá só em intensidade em cada ponto, como
também em direção. Com isso, o pólo norte magnético está em contínuo movimento.
Em períodos curtos de tempo (algumas centenas de anos), o percurso do pólo
lembra o deslocamento de uma formiga. Para períodos maiores (5 mil anos ou
mais), chega a andar tanto que o que conhecemos hoje como pólo magnético Norte
já foi o pólo magnético Sul. É isto que é conhecido como reversão do campo
magnético terrestre. Os mecanismos que produzem todas essas mudanças são
extremamente complexos e estão longe de ser completamente compreendidos. Até
hoje, há um grande número de cientistas que se dedica a tentar desvendar seus
segredos.
André R. R. Papa, Instituto de Física, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro e Coordenação de Geofísica, Observatório Nacional.
Revista Ciência Hoje,
janeiro de 2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário