sábado, 22 de dezembro de 2012

A radiação emitida por elementos presentes em areias monazíticas pode ser prejudicial à saúde?


AS AREIAS MONAZÍTICAS, DENSAS, ESCURAS e encontradas em diferentes pontos do litoral brasileiro, contêm maiores níveis de urânio e tório do que outros minerais. Esses dois elementos, naturalmente radioativo, são precursores das chamadas séries ou famílias radioativas naturais: ao se transmutarem, dão origem a outros elementos, também radioativos, que repetem o processo, perdendo o excesso de massa e energia que os tornava estáveis, até chegarem ao chumbo-207, não radioativo.
Em certos pontos de praias de areias monazíticas, os níveis de radiatividade ambiental podem ser até cerca de 50 vezes mais elevados do que a média da região ou do país. No entanto, os estudos epidemiológicos com populações que vivem em regiões de alta radioatividade natural no Brasil ou em outros países não observaram as diferenças estatisticamente significativas na morbidade mortalidade.
Na falta de evidencias clara sobre os efeitos dos níveis naturais e baixos de radioatividade na saúde humana, as normas de proteção radiológica optaram pela prudência, assumindo que qualquer exposição à radiação tem um risco associado e que a exposição deve ser mantida tão baixa quanto possível. Essas normas, no entanto, só se aplicam a exposições resultantes, obtida com o uso de radioisótopos artificiais.
Não há regulamentação para a radioatividade natural, com exceção de alguns casos, como a exposição ao radônio-222 em residências e prédios públicos em países frios, onde a redução da ventilação para a conservação de calor pode promover o acúmulo desse gás radioativo naturas.
Jean Remy Guimarães
Instituto de Biofísica, Universidade federal do Rio de Janeiro.

Fonte: Revista Ciência Hoje, agosto de 2012.

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