AS AREIAS MONAZÍTICAS, DENSAS, ESCURAS e encontradas em
diferentes pontos do litoral brasileiro, contêm maiores níveis de urânio e
tório do que outros minerais. Esses dois elementos, naturalmente radioativo,
são precursores das chamadas séries ou famílias radioativas naturais: ao se
transmutarem, dão origem a outros elementos, também radioativos, que repetem o
processo, perdendo o excesso de massa e energia que os tornava estáveis, até
chegarem ao chumbo-207, não radioativo.
Em certos pontos de praias de areias monazíticas, os níveis
de radiatividade ambiental podem ser até cerca de 50 vezes mais elevados do que
a média da região ou do país. No entanto, os estudos epidemiológicos com
populações que vivem em regiões de alta radioatividade natural no Brasil ou em
outros países não observaram as diferenças estatisticamente significativas na
morbidade mortalidade.
Na falta de evidencias clara sobre os efeitos dos níveis
naturais e baixos de radioatividade na saúde humana, as normas de proteção
radiológica optaram pela prudência, assumindo que qualquer exposição à radiação
tem um risco associado e que a exposição deve ser mantida tão baixa quanto
possível. Essas normas, no entanto, só se aplicam a exposições resultantes,
obtida com o uso de radioisótopos artificiais.
Não há regulamentação para a radioatividade natural, com
exceção de alguns casos, como a exposição ao radônio-222 em residências e
prédios públicos em países frios, onde a redução da ventilação para a
conservação de calor pode promover o acúmulo desse gás radioativo naturas.
Jean Remy Guimarães
Instituto de Biofísica, Universidade federal do Rio de
Janeiro.
Fonte: Revista
Ciência Hoje, agosto de 2012.
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