Muito antes da invenção dos
telescópios, um avanço atribuído ao italiano Galileu Galilei em 1609, alguns
planetas já eram visíveis no céu noturno. Na verdade, a origem da palavra
“planeta” se encerra nestas observações antigas. Qualquer um que tenha a
paciência de acompanhar a distribuição das estrelas ao longo de uma noite, e
também ao longo de um ano inteiro (esta observação pode ser simulada em uma
visita a um planetário), vai perceber que a posição relativa das estrelas não
muda. No intervalo de uma vida humana (na verdade, de várias vidas), o Cruzeiro
do Sul, por exemplo, permanecerá com sua forma de cruz. Isto os povos antigos
percebiam com clareza. Estes povos também percebiam que existia um número muito
pequeno de astros que não respeitavam esta regra. No céu noturno, o mais
evidente deles é a Lua, que passeia pelas constelações. O Sol também faz isso,
e também alguns corpos que se parecem com estrelas mas não o são. Os gregos
chamaram estes objetos celestes de “astros errantes”, que em grego se diz
planetae. Na Grécia Antiga se conheciam sete planetas. O Sol, a Lua e outros
cinco astros: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. O Sol, hoje se sabe, é
uma estrela. A Lua, um satélite da Terra. Mas os outros cinco astros
continuaram sendo chamados de planetas, um nome que permanece até hoje para
denominar um corpo celeste que não gera energia através da fusão nuclear, de
dimensões consideráveis e formato aproximadamente esférico, em órbita de uma
estrela. Os planetas que os gregos conheciam receberam nomes de deuses, de
acordo com suas características observadas na época. Hoje em dia, utilizamos
nomes romanos. O planeta que se movia mais rapidamente pelo céu recebeu o nome
do deus da velocidade, Mercúrio. Vênus era a deusa da beleza e emprestou seu
nome ao planeta mais brilhante. Marte, o deus da guerra, batizou um planeta de
brilho avermelhado, que lembrava o sangue. O planeta que apresentava o brilho
mais constante recebeu o nome do deus dos deuses, Júpiter. E, por último, o
planeta mais lento recebeu o nome do deus do tempo, Saturno. Depois da invenção
do telescópio, mais três planetas foram descobertos: Urano (deus do céu),
Netuno (deus dos mares) e Plutão (deus das profundezas).
Alexandre Cherman
Astrônomo da Fundação Planetário do Rio de Janeiro
Revista Galileu, Março de 2000.
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