quarta-feira, 25 de junho de 2014

Como os antigos gregos souberam da existência dos planetas, se não tinham como observá-los?

Muito antes da invenção dos telescópios, um avanço atribuído ao italiano Galileu Galilei em 1609, alguns planetas já eram visíveis no céu noturno. Na verdade, a origem da palavra “planeta” se encerra nestas observações antigas. Qualquer um que tenha a paciência de acompanhar a distribuição das estrelas ao longo de uma noite, e também ao longo de um ano inteiro (esta observação pode ser simulada em uma visita a um planetário), vai perceber que a posição relativa das estrelas não muda. No intervalo de uma vida humana (na verdade, de várias vidas), o Cruzeiro do Sul, por exemplo, permanecerá com sua forma de cruz. Isto os povos antigos percebiam com clareza. Estes povos também percebiam que existia um número muito pequeno de astros que não respeitavam esta regra. No céu noturno, o mais evidente deles é a Lua, que passeia pelas constelações. O Sol também faz isso, e também alguns corpos que se parecem com estrelas mas não o são. Os gregos chamaram estes objetos celestes de “astros errantes”, que em grego se diz planetae. Na Grécia Antiga se conheciam sete planetas. O Sol, a Lua e outros cinco astros: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. O Sol, hoje se sabe, é uma estrela. A Lua, um satélite da Terra. Mas os outros cinco astros continuaram sendo chamados de planetas, um nome que permanece até hoje para denominar um corpo celeste que não gera energia através da fusão nuclear, de dimensões consideráveis e formato aproximadamente esférico, em órbita de uma estrela. Os planetas que os gregos conheciam receberam nomes de deuses, de acordo com suas características observadas na época. Hoje em dia, utilizamos nomes romanos. O planeta que se movia mais rapidamente pelo céu recebeu o nome do deus da velocidade, Mercúrio. Vênus era a deusa da beleza e emprestou seu nome ao planeta mais brilhante. Marte, o deus da guerra, batizou um planeta de brilho avermelhado, que lembrava o sangue. O planeta que apresentava o brilho mais constante recebeu o nome do deus dos deuses, Júpiter. E, por último, o planeta mais lento recebeu o nome do deus do tempo, Saturno. Depois da invenção do telescópio, mais três planetas foram descobertos: Urano (deus do céu), Netuno (deus dos mares) e Plutão (deus das profundezas).

Alexandre Cherman
Astrônomo da Fundação Planetário do Rio de Janeiro



Revista Galileu, Março de 2000.

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