A acreção de
matéria – deposição de matéria ao redor de um astro por efeito de gravitação –
pode liberar grandes quantidades de energia em algumas situações. Uma delas é
quando consideramos que a matéria está em acreção a um objeto compacto muito
massivo.
Um exemplo é a
situação que acontece no estágio final do colapso de uma pré-supernova. A
matéria das camadas mais externas se deposita sobre um pulsar em formação na
sua região central. O pulsar, que também pode ser chamado de estrela de
nêutron, é o resto de estrelas que explodiram, as supernovas. A atração
gravitacional do pulsar acelera a matéria, transferindo enormes quantidades de
energia de movimento. Isso também pode acontecer na transferência de matéria em
um sistema estelar binário, envolvendo uma estrela normal e uma estrela de
nêutron.
Em ambos os
casos, a acreção de matéria sobre um objeto compacto pode transferir energia
cinética ainda maior que aquela apontada pelo leitor. O ponto relevante é que
temos um campo gravitacional extremamente intenso na vizinhança do objeto
compacto massivo, com uma massa maior que a massa do Sol, concentrada em uma região
do tamanho da Terra. O campo gravitacional a superfície desses objetos é mais
que um milhão de vezes maior que aquele na superfície da Terra. Assim, a
gravitação transfere mais energia, por grama da matéria em queda, que aquela
produzida na reação de fusão do hidrogênio.
Sérgio Duarte
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
Nenhum comentário:
Postar um comentário