segunda-feira, 28 de abril de 2014

Por que o plano da órbita da Lua em torno da Terra não coincide com o plano da órbita da Terra em torno do Sol?

A órbita de um corpo celeste é determinada pelo conjunto das forças gravitacionais que atuam sobre ele. No caso da Lua, as forças mais significativas envolvidas são as atrações exercidas sobre esse satélite natural pela Terra e pelo Sol. Existem outras forças, como as exercidas pelos demais planetas do sistema solar, mas vamos desprezá-las nesta explicação.
Um aspecto importante, na resposta à pergunta, é o fato de que o plano da órbita de qualquer satélite natural tende a se aproximar do plano do equador do planeta orbitado. Isso acontece porque a rotação do planeta em torno de seu eixo provoca, ao longo do tempo, o seu “achatamento”, concentrando mais massa nas proximidades do equador, o que aumenta a atração gravitacional nessa região. Em um planeta de grande massa e mais distante do Sol, como Júpiter, essa atração “equatorial” dos satélites é mais intensa.
Como a Terra está mais próxima do Sol, a influência gravitacional desse último aumenta. Além disso, o equador terrestre apresenta uma inclinação de 23,5° em relação ao plano da órbita (chamado eclíptica) do planeta em torno do Sol. Assim, a atuação conjunta das forças de atração do Sol e da Terra faz com que o plano em que nosso satélite se move não coincida com o plano do equador terrestre, nem com o plano da eclíptica – o plano da órbita da Lua é inclinado em 5,1° em relação a este último. Por causa dessa inclinação, o ângulo que a órbita da Lua apresenta em relação ao equador terrestre varia entre 28,6° e 18,4°, os valores que são obtidos por simples aritmética (23,5° + 5,1°, ou 23,5° - 5,1°).

Enos Picazzio
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, da Universidade de São Paulo

 Ciência Hoje, Março de 2011.

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