A órbita de um
corpo celeste é determinada pelo conjunto das forças gravitacionais que atuam
sobre ele. No caso da Lua, as forças mais significativas envolvidas são as
atrações exercidas sobre esse satélite natural pela Terra e pelo Sol. Existem
outras forças, como as exercidas pelos demais planetas do sistema solar, mas
vamos desprezá-las nesta explicação.
Um aspecto
importante, na resposta à pergunta, é o fato de que o plano da órbita de
qualquer satélite natural tende a se aproximar do plano do equador do planeta
orbitado. Isso acontece porque a rotação do planeta em torno de seu eixo
provoca, ao longo do tempo, o seu “achatamento”, concentrando mais massa nas
proximidades do equador, o que aumenta a atração gravitacional nessa região. Em
um planeta de grande massa e mais distante do Sol, como Júpiter, essa atração
“equatorial” dos satélites é mais intensa.
Como a Terra
está mais próxima do Sol, a influência gravitacional desse último aumenta. Além
disso, o equador terrestre apresenta uma inclinação de 23,5° em relação ao plano da órbita (chamado eclíptica) do planeta em torno
do Sol. Assim, a atuação conjunta das forças de atração do Sol e da Terra faz
com que o plano em que nosso satélite se move não coincida com o plano do
equador terrestre, nem com o plano da eclíptica – o plano da órbita da Lua é
inclinado em 5,1° em relação a este último. Por causa dessa inclinação, o
ângulo que a órbita da Lua apresenta em relação ao equador terrestre varia
entre 28,6° e 18,4°, os valores que são obtidos por simples aritmética (23,5° +
5,1°, ou 23,5° - 5,1°).
Enos Picazzio
Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, da Universidade de São Paulo
Ciência Hoje, Março de
2011.
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