Ilhas de calor
é um fenômeno que resulta da desorganização dos mecanismos de funcionamento do
clima. Na verdade, é uma associação de vários fatores. Um deles é a alta
urbanização das metrópoles, que removeu boa parte da cobertura vegetal, dando
lugar a construções. Isso fez com que se elevasse a capacidade de reflexão da
energia solar pelas superfícies. Como a superfície das cidades ficou forrada de
construções, e há poucas áreas verdes, elas passaram a acumular maior
quantidade de energia, o que contribuiu ainda mais para romper o equilíbrio
térmico. Outro fator é o modo como os raios solares atingem a superfície.
A concentração
de poluentes e micropartículas suspensas na atmosfera produz uma radiação
difusa, característica de grandes cidades, que absorve grande parte da energia
que vem dos raios solares. Essa energia é transformada em calor latente, que
não é medido por instrumentos, mas está presente nos gases, como no vapor
d’água, por exemplo. Esse vapor, ao sofrer condensação, quando retorna ao
estado líquido, libera o calor latente na forma de calor sensível – esse o
organismo sente e pode ser medido pelos termômetros. Conclusão: quanto mais
espessa a camada atmosférica, maior será a absorção de energia. Por isso, o
calor latente da atmosfera em regiões urbanas é muito mais acentuado do que em
áreas vizinhas, em geral menos edificadas. O fenômeno das ilhas de calor
evidencia outro problema: médias térmicas mais elevadas. Durante o dia, a
radiação solar que incide sobre paredes e tetos dos prédios se acumula na forma
de energia e, à noite, ela é liberada para a atmosfera. Para diminuir o impacto
das ilhas de calor devem-se criar mais áreas verdes e fazer espelhos d’água,
pois a evaporação ajuda a manter o equilíbrio térmico. Outra solução é
restringir a circulação de automóveis.
José Bueno Conti
Professor do Departamento de Geografia da
Universidade de São Paulo.
Revista Galileu, Abril de 2000.
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