sábado, 5 de abril de 2014

O que é o fenômeno das ilhas de calor, muito comum em metrópoles? Há alguma forma de evitá-lo?

Ilhas de calor é um fenômeno que resulta da desorganização dos mecanismos de funcionamento do clima. Na verdade, é uma associação de vários fatores. Um deles é a alta urbanização das metrópoles, que removeu boa parte da cobertura vegetal, dando lugar a construções. Isso fez com que se elevasse a capacidade de reflexão da energia solar pelas superfícies. Como a superfície das cidades ficou forrada de construções, e há poucas áreas verdes, elas passaram a acumular maior quantidade de energia, o que contribuiu ainda mais para romper o equilíbrio térmico. Outro fator é o modo como os raios solares atingem a superfície.
A concentração de poluentes e micropartículas suspensas na atmosfera produz uma radiação difusa, característica de grandes cidades, que absorve grande parte da energia que vem dos raios solares. Essa energia é transformada em calor latente, que não é medido por instrumentos, mas está presente nos gases, como no vapor d’água, por exemplo. Esse vapor, ao sofrer condensação, quando retorna ao estado líquido, libera o calor latente na forma de calor sensível – esse o organismo sente e pode ser medido pelos termômetros. Conclusão: quanto mais espessa a camada atmosférica, maior será a absorção de energia. Por isso, o calor latente da atmosfera em regiões urbanas é muito mais acentuado do que em áreas vizinhas, em geral menos edificadas. O fenômeno das ilhas de calor evidencia outro problema: médias térmicas mais elevadas. Durante o dia, a radiação solar que incide sobre paredes e tetos dos prédios se acumula na forma de energia e, à noite, ela é liberada para a atmosfera. Para diminuir o impacto das ilhas de calor devem-se criar mais áreas verdes e fazer espelhos d’água, pois a evaporação ajuda a manter o equilíbrio térmico. Outra solução é restringir a circulação de automóveis.

José Bueno Conti
Professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo.

Revista Galileu, Abril de 2000.

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