Em caso de
acidente em uma das usinas da central de Angra dos Reis (RJ), devido às
características dos seus reatores, o espalhamento dos elementos radioativos se
limitaria às distâncias seguras de evacuação (máximo de 5 km) e de abrigagem
(máximo de 15 km) previstas pelo Plano de Emergência Externo. Note que essas
distâncias são definidas por normas internacionais.
Acidentes
nível 6 e 7 só são possíveis em usinas com reatores que usam grafite como
moderador de nêutrons, como o RMBK (reator de alta potência resfriado a água
fervente e moderado a grafite) soviético usado em Chernobyl, o único acidente
nível 7 da história, e o reator grafite - gás britânico tipo Magnox,
responsável pelo único acidente nível 6 até hoje. Ambas são tecnologias
obsoletas.
Em um reator a
água, que não usa grafite nem outra forma de acumulação de grande quantidade de
energia capaz de ser liberada em curto período, não existe energia disponível
para a dispersão do material radioativo. Esse é o caso de cada um dos quatro
reatores BWR (reator de água fervente, na sigla em inglês) japoneses, afetados
pelo atual acidente em Fukushima, e os PWR (reator de água pressurizada), que
juntos compõem cerca de 90% da frota mundial, incluindo Angra 1 e Angra 2.
Assim,
comparações entre os acidentes de Fukushima e de Chernobyl não são tecnicamente
corretas. Naquele trágico acidente na atual Ucrânia, os materiais radioativos
foram dispersos em grande quantidade e a grandes distâncias devido à energia
liberada pelo incêndio de centenas de toneladas de grafite no interior do
reator, que levou vários dias para ser apagado, ao custo da vida de dezenas de
heroicos bombeiros.
Recentemente,
a Autoridade de Segurança Nuclear Japonesa (NISA) classificou provisoriamente o
conjunto das quatro usinas acidentadas como nível 7, embora o espalhamento de
produtos radioativos estimado seja inferior a 10% daquele que ocorreu em
Chernobyl. Essa decisão vem sendo duramente criticada pela Agência
Internacional de Energia Atômica.
Leonam dos Santos Guimarães
Gabinete da Presidência, Eletronuclear.
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