segunda-feira, 17 de março de 2014

O que é hipóxia? Por que em regiões localizadas em grandes altitudes sentimos os efeitos negativos da hipóxia, mas na cabine de um avião, que voa em altitudes ainda maiores, isso não acontece?

A pressão atmosférica é a consequência do peso do ar. É o peso da atmosfera distribuído em todas as direções, em volta das coisas, que produz a pressão atmosférica. Por isso quando a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui, pois há menos ar sobre nossas cabeças (PENA, 2007).
Em regiões como a cidade de La Paz, na Bolívia, localizada a mais de 3000 m de altura em relação ao nível do mar, o ar atmosférico é rarefeito (menos denso) - o numero de moléculas, por metro cúbico, dos gases que compõem o ar, entre eles o oxigênio (O2), é menor - se comparado com o ar de cidades localizadas a baixa altitude, como Salvador, na Bahia. A esta diminuição da oferta de O2 denomina-se hipóxia. Isso acontece porque com o aumento da altitude, a pressão atmosférica diminui e as moléculas de ar se expandem. Outra conseqüência dessa expansão é a queda da temperatura do ar atmosférico.
Porém, quando estamos dentro da cabine de um avião, que voa em altitudes maiores que a da cidade de La Paz, isso não acontece porque as aeronaves possuem um sistema que efetua o bombeamento ativo de parte do ar atmosférico, aspirado e comprimido pelos motores da aeronave[1], para dentro da cabine do avião com a finalidade de manter as condições adequadas ao corpo humano durante o voo, permitindo assim que os passageiros respirem normalmente (BOGSAN, 2012), mesmo com a aeronave voando em altas altitudes.
No entanto, em caso de falha neste sistema (ou escape do ar do interior da cabine devido a um problema em alguma porta ou janela da aeronave) poderá ocorrer a despressurização da cabine do avião, uma vez que, em altas altitudes, a pressão dentro da aeronave é bem maior do que fora dela. Como consequência da despressurização, o ar no interior da cabine se tornará rarefeito, isto é, diminuirá a oferta de O2, por metro cúbico, dentro da aeronave.
Segundo Lemos et al. (2010), em decorrência da hipóxia o indivíduo tentará adaptar-se, seu organismo produzirá respostas em vários sistemas e acontecerão diferentes ajustes fisiológicos, como por exemplo, alterações na frequência respiratória e no sistema cardiovascular. Entre as estratégias para minimizar os efeitos negativos da hipóxia está a utilização de suplemento de O2 (LEMOS et al. 2010). Por isso, numa inesperada despressurização da cabine do avião, “mascaras de oxigênio” cairão automaticamente dos compartimentos localizados acima dos assentos.
Conforme Bogsan[2] (2012), ao puxar a mangueira que conecta a máscara, o passageiro aciona um gatilho que desencadeia uma reação química no interior do gerador químico, localizado acima da caixa onde as máscaras ficam armazenadas, e fornece O2 por aproximadamente 12 min, tempo suficiente para que os pilotos possam efetuar a descida da aeronave para uma altitude de voo em que se possa respirar sem o auxílio da máscara (cerca de 3000 m). Bogsan (2012), ainda frisa que o O2 distribuído para as máscaras dos pilotos não é fornecido por meio de geradores químicos, mas sim por cilindros independentes, localizados no porão da aeronave, que permitem o uso mais prolongado.

Fábio Luís Alves Pena, IFBA - Campus Simões Filho.

Referências
BOGSAN, A. Como funcionam as máscaras de oxigênio em um avião? Revista GOL – Linhas Aéreas Inteligentes, n. 122, p.18, mai. 2012.
LEMOS, V. A.; ANTUNES, H. K. M; SANTOS, R. V. T.; PRADO, J. M. S.; TUFIK, S.; MELLO, M. T. Efeitos da exposição à altitude sobre os aspectos neuropsicológicos: uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 32 , n. 1, p. 70-76, mar. 2010.
PENA, F. L. A. Pressão atmosférica: Ela está por toda a parte. Revista Ciência Hoje das Crianças, ano 20, n. 184, p. 7-9, out. 2007.
O que é despressurização? Quais são suas possíveis causas e os procedimentos caso ele ocorra? Disponível em <blog.voegol.com.br/index.php/categ/pergunte-ao-comandante> Acesso em: 18 de dez. 2013.



[1] Disponível em <blog.voegol.com.br/index.php/categ/pergunte-ao-comandante> Acesso em: 18 de dez. 2013.
[2]Vice-presidente técnico da GOL Linhas Aéreas Inteligentes.

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