Os colares e
pulseiras luminescentes, frequentemente distribuídos em festas, usam uma reação
química para produzir a luz. O tubo plástico contém em seu interior um agente
fluorescente em uma substância chamada oxalato, dissolvidos em um líquido
viscoso, como ftalatos orgânicos, e um capilar de vidro cheio de água
oxigenada. Quando o tubo é entortado, rompe-se o capilar e a água oxigenada
dispara uma reação química ‘fria’ entre estes materiais, em que a energia
química é convertida em energia luminosa em vez de calor, como costuma
acontecer nas reações de oxidação ou combustão. As reações em que a energia das
ligações químicas é convertida em fótons são chamadas quimioluminescentes.
A cor da luz
emitida pode variar do azul ao vermelho, dependendo do tipo de agente
fluorescente usado. O difenilantraceno emite luz azul, o perileno luz verde, o
rubreno luz alaranjada e a clorofila luz vermelha. A intensidade da luz e sua
duração dependem da concentração das substâncias reagentes. Como um palito de
fósforo, a luz se esgota quando todo o material estiver oxidado e, portanto,
não pode ser reutilizada. Essa reação também é empregada em kits de iluminação
de emergência e em pescaria comercial para atração de peixes.
Esses
dispositivos luminosos, entretanto, podem criar sérios problemas ambientais e à
saúde humana, pois tanto o produto da reação quanto o agente fluorescente são
alergênicos (podem desencadear alergia), citotóxicos e genotóxicos, ou seja,
causam morte celular e alterações químicas do DNA, segundo pesquisas recentes.
Os usuários, desinformados, e os barcos pesqueiros, irresponsavelmente,
descartam essas ‘lanternas químicas’ usadas no lixo e nas praias. Urge a
criação de legislação para proibir ou controlar a comercialização desses
dispositivos, exigindo informação nos rótulos e meios para seu descarte.
Etelvino Bechara
Laboratório de Radicais Livres e
Bioluminescência, Instituto de Química, Universidade de São Paulo.
Ciência Hoje, Janeiro/Fevereiro de 2008.
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