domingo, 9 de março de 2014

Como são feitos os colares e pulseiras luminescentes? O material em seu interior é tóxico?

Os colares e pulseiras luminescentes, frequentemente distribuídos em festas, usam uma reação química para produzir a luz. O tubo plástico contém em seu interior um agente fluorescente em uma substância chamada oxalato, dissolvidos em um líquido viscoso, como ftalatos orgânicos, e um capilar de vidro cheio de água oxigenada. Quando o tubo é entortado, rompe-se o capilar e a água oxigenada dispara uma reação química ‘fria’ entre estes materiais, em que a energia química é convertida em energia luminosa em vez de calor, como costuma acontecer nas reações de oxidação ou combustão. As reações em que a energia das ligações químicas é convertida em fótons são chamadas quimioluminescentes.
A cor da luz emitida pode variar do azul ao vermelho, dependendo do tipo de agente fluorescente usado. O difenilantraceno emite luz azul, o perileno luz verde, o rubreno luz alaranjada e a clorofila luz vermelha. A intensidade da luz e sua duração dependem da concentração das substâncias reagentes. Como um palito de fósforo, a luz se esgota quando todo o material estiver oxidado e, portanto, não pode ser reutilizada. Essa reação também é empregada em kits de iluminação de emergência e em pescaria comercial para atração de peixes.
Esses dispositivos luminosos, entretanto, podem criar sérios problemas ambientais e à saúde humana, pois tanto o produto da reação quanto o agente fluorescente são alergênicos (podem desencadear alergia), citotóxicos e genotóxicos, ou seja, causam morte celular e alterações químicas do DNA, segundo pesquisas recentes. Os usuários, desinformados, e os barcos pesqueiros, irresponsavelmente, descartam essas ‘lanternas químicas’ usadas no lixo e nas praias. Urge a criação de legislação para proibir ou controlar a comercialização desses dispositivos, exigindo informação nos rótulos e meios para seu descarte.

Etelvino Bechara
Laboratório de Radicais Livres e Bioluminescência, Instituto de Química, Universidade de São Paulo.

Ciência Hoje, Janeiro/Fevereiro de 2008.

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