segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Quais os efeitos da pressão sobre um mergulhador? O que é a doença descompressiva?

Sempre que um mergulhador submerge ele está sujeito ao aumento da pressão ambiente, gerado pelo peso da água sobre seu corpo. O que não é pouco. A cada 10 metros de profundidade no mar, o aumento da pressão na água equivale ao peso de toda a atmosfera sobre a superfície da Terra, cerca de 1kg/cm². Assim, a 10 metros, a pressão equivale a 2 atmosferas e assim sucessivamente.
Essa mudança radical na pressão do ambiente tem alguns efeitos sobre o organismo. Os mais óbvios são exercidos nas cavidades aéreas do corpo, como os pulmões, ouvidos e seios da face. Estes espaços, ligados entre si, se comprimem conforme a pressão sobre eles aumenta. Mas não sofrem maiores danos, desde que o ar flua perfeitamente entre eles, equilibrando a pressão. O ouvido, porém, é o órgão mais vulnerável, já que sua ligação com a região da faringe se dá por um canal bastante estreito, a chamada trompa de Eustáquio, que dificulta a passagem do ar. Para superar o desconforto, os mergulhadores, tanto os que praticam o mergulho livre, com snorkel, quanto o autônomo, com equipamento de respiração, usam uma manobra simples: fechar o nariz com os dedos e forçar o ar a sair por ele. Mas há dificuldades que só surgem no mergulho autônomo. Uma delas é que o ar comprimido dos tanques deve chegar aos pulmões do mergulhador em uma pressão igual à do ambiente. Isso significa que a quantidade de ar inalado deve ser progressivamente maior conforme a profundidade aumenta. A 10 metros, por exemplo, são necessários 10 litros de ar para encher os pulmões, o dobro do que na superfície. Se ele subir prendendo a respiração, pode sofrer o rompimento dos pulmões, provocado pela expansão do ar comprimido no interior do órgão. Para evitar acidentes graves, deve-se respirar sempre normalmente.
A chamada doença descompressiva está diretamente ligada à ação do gás nitrogênio. Este gás responde por cerca de 80% da composição do ar respirável, mas não é aproveitado pelo organismo. Sob pressão, o gás se dissolve pelo sangue e outros tecidos do corpo. E, durante a subida para a superfície, se o mergulhador não observar os limites do tempo no fundo do mar, velocidade de ascensão e eventuais paradas estipuladas pelas tabelas de mergulho, o nitrogênio dissolvido formam bolhas, que podem causar paralisia e até morte. (Luciano Candisani, Mergulhador, biólogo e fotógrafo submarino).

 Galileu, Março de 2000

Nenhum comentário:

Postar um comentário