A ciência não tem uma
resposta formulada em termos simples para essa questão. Vários elementos
químicos são líquidos à temperatura ambiente, mas isso depende do local
considerado. Em um local onde a temperatura não chega a 26°C, apenas o mercúrio
e o bromo são líquidos, mas em outro, com 40°C, também seriam líquidos frâncio,
césio, gálio e rubídio.
Os vários elementos
líquidos à temperatura ambiente (dependendo do local) têm natureza química
muito diferente e, portanto, estruturas eletrônicas também muito diversas.
Consultando uma tabela periódica, o leitor verá que o bromo não é um metal, que
o mercúrio é um metal de transição, que o frâncio, césio e rubídio são metais
alcalinos e que o gálio, embora também seja um metal, é de outra família, a do
alumínio.
Podemos ler em alguns
lugares que o fato de o mercúrio ser líquido à temperatura ambiente deve-se a
uma “contração relativística dos orbitais atômicos, fazendo com que sua
estrutura se aproxime da de um gás nobre, o que dificulta o compartilhamento de
seus elétrons”. Essa explicação, porém, conflita com muitos fatos, a começar
pelo fato de os átomos do gálio, que tem ponto de fusão de 30°C, compartilharem
seus elétrons sem nenhuma dificuldade. Além disso, a estrutura do frâncio,
césio e rubídio, sendo metais alcalinos, é muito diferente da de gases nobres.
Portanto, o fato de um
elemento ser ou não líquido em uma ou outra faixa de temperatura não depende
direta e exclusivamente de suas estruturas eletrônicas. A mecânica quântica não
nos dá uma resposta satisfatória para esse problema, assim como para muitos
outros, que se possa resumir em poucas palavras simples.
Existir no estado líquido
ou sólido depende, na verdade, das interações entre as moléculas (e existem
vários tipos de interações, com intensidades diferentes). Para que os leitores
não fiquem frustrados com a falta de uma explicação, sugiro que leiam sobre as
intrigantes diferenças de propriedades entre o gálio e o mercúrio. O mercúrio
ferve a 357°C, mas o gálio existe como líquido até 2.403°C (é o líquido que
existe na maior faixa de temperatura conhecida). O mercúrio não adere a quase
nenhuma substância, mas o gálio adere fortemente ao vidro, à pele e a alguns
têxteis. Além disso, ao se solidificarem, o mercúrio sofre contração, enquanto
o gálio se expande. Por quê? A ciência não tem hoje explicações simples para
esses fenômenos, mas o leitor disposto a explorar o tema encontrará ideias interessantes.
Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas
Revista Ciência Hoje, Novembro de 2009.
Por que as diferentes propriedades do gálio e do mercúrio são um fato a ser observado? Eles não pretencem a uma mesma família, nem ao mesmo período....
ResponderExcluirO autor usou gálio e o mercúrio como exemplos de elementos que apesar de serem líquidos a temperatura ambiente, possuem propriedades bem distintas, isto é, que não há uma relação direta entre eles que simplesmente explique o fato de serem líquidos a temperatura ambiente.
ExcluirObrigado!
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