Vários fatores podem
influenciar o destino de veículos espaciais quando eles se chocam com uma
atmosfera planetária. Os mais significativos são a densidade atmosférica, a
forma e a massa do satélite, e o seu ângulo de incidência ao entrar. Os mesmos
princípios se aplicam também para objetos naturais, como os meteoros, por
exemplo. O conjunto desses fatores pode incendiar o corpo que está entrando,
trazê-lo de forma segura até camadas da atmosfera onde ele se comporte como um
avião ou, ainda, jogá-lo de volta para fora da atmosfera, como uma pedra que,
arremessada sobre a superfície de um rio, de forma quase paralela, saltita até
afundar. No caso dos ônibus espaciais, ainda é possível realizar manobras
orbitais, como mudanças de órbita ou de atitude (posição relativa do satélite),
para garantir que o veículo atinja o destino desejado pela missão. Os ônibus
espaciais mais usados hoje, como o Discovery, o Atlantis e o Endeavour, têm um
revestimento térmico especial que os protege do forte atrito com a atmosfera.
Se houver alguma falha, os astronautas não têm muita chance de sobreviver. Eles
podem morrer carbonizados se o ângulo de incidência provocar uma reentrada do
ônibus espacial rápida demais. Ou ter uma morte mais lenta e sofrida se a nave
não conseguir entrar na atmosfera e ficar “quicando”, como uma pedra arremessada
no rio. Nesse caso, pode acabar o oxigênio no interior do ônibus. Até agora,
nunca houve um acidente com vítimas fatais durante uma reentrada.
Walkiria Schulz (Astrônoma do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São
José dos Campos, SP).
Revista Galileu, Maio de 2000.
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