quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Por que em caso de uma inesperada despressurização da cabine do avião devemos usar a “máscara de oxigênio?”


Quem viaja ou já teve a oportunidade de viajar de avião, ao prestar atenção às instruções dos(as) comissários(as) de bordo antes da decolagem da aeronave, já ouviu o seguinte alerta: “Em caso de uma inesperada despressurização da cabine do avião, máscaras de oxigênio cairão automaticamente dos compartimentos localizados acima dos assentos. Puxe a mangueira para liberar o fluxo de ar e coloque a máscara sobre o nariz e a boca e....” Por que em caso de uma inesperada despressurização da cabine do avião devemos usar a “máscara de oxigênio”?
A pressão atmosférica é a consequência do peso do ar. É o peso da atmosfera distribuído em todas as direções, em volta das coisas, que produz a pressão atmosférica. Por isso quando a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui, pois há menos ar sobre nossas cabeças.
Em regiões como a cidade de La Paz, na Bolívia, localizada a mais de 3000 metros de altura em relação ao nível do mar, o ar atmosférico é rarefeito (menos denso) - o numero de moléculas, por metro cúbico, dos gases que compõem o ar, entre eles o oxigênio (O2), é menor - se comparado com o ar atmosférico de cidades localizadas a baixa altitude, como Salvador, na Bahia. Isso acontece devido à variação da pressão atmosférica com a altitude.
Porém, quando estamos dentro da cabine de um avião, que voa em altitudes maiores que a da cidade de La Paz, isso não acontece porque as aeronaves possuem um sistema que efetua o bombeamento ativo de parte do ar atmosférico, aspirado e comprimido pelos motores da aeronave [1], para dentro da cabine do avião com a finalidade de manter as condições adequadas (pressão ambiente e oferta de O2 por metro cúbico) ao corpo humano durante o voo, permitindo, assim, que os passageiros respirem normalmente [2], mesmo com a aeronave voando em altas altitudes.
No entanto, em caso de falha nesse sistema (ou escape do ar devido a um problema em alguma porta ou janela da aeronave) poderá ocorrer a despressurização da cabine do avião, uma vez que, em altas altitudes, a pressão dentro da aeronave é maior do que fora dela. Como consequência da despressurização, o ar no interior da cabine se tornará rarefeito, ou melhor, diminuirá a oferta de O2, por metro cúbico, dentro da aeronave. A esta diminuição da oferta de O2 denomina-se hipóxia.
Segundo Lemos e cols. [3], em decorrência da hipóxia o indivíduo tentará adaptar-se, seu organismo produzirá respostas em vários sistemas e acontecerão diferentes ajustes fisiológicos, como por exemplo, alterações na frequência respiratória e no sistema cardiovascular. Entre as estratégias para minimizar os efeitos negativos da hipóxia está a utilização de suplemento de O2 [3]. Por isso, numa inesperada despressurização da cabine do avião, “mascaras de oxigênio” cairão automaticamente dos compartimentos localizados acima dos assentos.
Conforme Bogsan [2], Vice-presidente técnico da GOL Linhas Aéreas Inteligentes, ao puxar a mangueira que conecta a máscara, o passageiro aciona um gatilho que desencadeia uma reação química no interior do gerador químico, localizado acima da caixa onde as máscaras ficam armazenadas, e fornece O2 por aproximadamente 12 min, tempo suficiente para que os pilotos possam efetuar a descida da aeronave para uma altitude de voo em que se possa respirar sem o auxílio da máscara (cerca de 3000 m, conforme o Blog Voegol [1]). Bogsan [2], ainda frisa que o O2 distribuído para as máscaras dos pilotos não é fornecido por meio de geradores químicos, mas sim por cilindros independentes, localizados no porão da aeronave, que permitem o uso mais prolongado.

Fábio Luís Alves Pena, 
Instituto Federal da Bahia, Campus Simões Filho.



Referências

[1]<blog.voegol.com.br/index.php/categ/pergunte-ao-comandante> Acesso em: 18 de jun. 2012.
[2] A. BOGSAN. Revista GOL – Linhas Aéreas Inteligentes, 122 (2012).
[3] V. A LEMOS; H. K. M ANTUNES; R. V. T SANTOS; J. M. S. PRADO; S.TUFIK; M. T. MELLO. Revista Brasileira de Psiquiatria, 32, 1 (2010).


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