Os cometas são imensos blocos de gelo e poeira que se aglutinaram na época em que se formou o sistema solar. Eles se movem ao redor do Sol, exatamente como a Terra. A diferença é que nosso planeta, assim como todos os demais, permanece a uma distância aproximadamente constante do Sol, enquanto os cometas têm órbitas extensas, cujas partes mais distantes podem estar nos confins do sistema solar e que podem levar centenas ou até milhares de anos para serem percorridas.
Seu movimento, como o movimento da Terra, não para nunca. Enquanto o cometa existir, ele ficará nesse vaivém entre o espaço remoto e a proximidade do Sol - mas ele pode ser destruído nesse processo. O gelo, que age como uma espécie de cimento responsável por manter o cometa unido, começa a se transformar em vapor quando se aproxima do Sol e forma, junto com a poeira, a cauda do cometa, um belo espetáculo. Se a deterioração for muito grande, o cometa começa a diminuir de tamanho e acaba por se fragmentar e desintegrar - como ocorreu, por exemplo, com o Ison, que passou nas cercanias da Terra no início do ano.
Outra forma de interromper o movimento de um cometa é, obviamente, um choque contra algum outro corpo celeste. Esses processos catastróficos sempre existiram. No início do sistema solar, quando havia muita desordem por aqui, a grande força gravitacional dos novos planetas em formação - em especial do gigantesco Júpiter - fez com que muitos desses blocos fossem expelidos de forma violenta para os confins do sistema, caíssem no Sol ou colidissem com os próprios planetas. Existe, inclusive, a hipótese de que uma parte importante da água da Terra tenha vindo de cometas.
Há poucos anos foi observada a queda de um cometa em Júpiter, o SL9, e ainda em 2014 teremos a passagem ' de raspão' do cometa C/2013 A1 por Marte. Há de se destacar que cometas provavelmente não existem apenas em nosso sistema solar: há observações atribuídas, por exemplo, à possível queda maciça de cometas no 'sol' de outros sistemas, como no formado pela estrela Beta Pictoris.
Sylvio Ferraz Mello (Instituto de Astronomia Geofísica e Ciências Atmosféricas, USP).
Revista Ciência Hoje, Julho de 2014.
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