Ouvido absoluto é capacidade de nomear ou produzir uma frequência predetermina na ausência de uma nota de referência. Por exemplo: a campainha de casa toca e consigo identificar que aquele toque é um si bemol. Ou então, quando, em resposta a um pedido para entoar um fá sustenido, algumas pessoas conseguem emitir a nota, de maneira afiada e segura, sem uma nota de referência.
O ouvido absoluto é muito raro. Porém, estudos recentes vêm mostrando que falantes de línguas tonais - línguas em que o significado de uma palavra muda conforme a entonação, como, por exemplo, mandarim e vietnamita - dispõem de uma forma surpreendentemente precisa de ouvido absoluto.
Alunos dotados de ouvido absoluto não têm, necessariamente, mais facilidade para aprender a tocar um instrumento do que aqueles que têm ouvido relativo (isto é, que só conseguem reproduzir uma frequência qualquer a partir de uma nota de referência). Os com ouvido absoluto apenas aprendem de forma diferente, uma vez que não precisam de uma nota de referência para reconhecer uma nota mal executada em suas performances.
Na minha experiência de ensino, verifiquei um fato curioso: o ouvido absoluto de alguns alunos atrapalha a compreensão do discurso musical quando eles precisam executar suas peças em pianos que não estão afinados no diapasão (afinação universal). Eles relatam que "é muito difícil esperar um som e, de repente, vir outro". Isso frustra suas expectativas, acarretando a produção de uma performance emocionalmente comprometida.
Danilo Ramos (Departamento de Música, Universidade Federal do Paraná e Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas).
Ciência Hoje, jan/fev de 2013.
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