domingo, 17 de novembro de 2024

Pessoas surdas percebem sons?

 A surdez pode ser classificada como leve, moderada, severa ou profunda. Isso faz toda diferença em como as pessoas surdas percebem, ou não, algumas frequências do som.

O som é composto por um conjunto de frequências, que são altas, médias e baixas. Pessoas com surdez leve ou moderada conseguem perceber as frequências mais baixas, por exemplo. Geralmente, usam um aparelho auditivo, que funciona como um amplificador, aumentando o som.

Já pessoas com surdez severa ou profunda têm maior dificuldade em perceber o som e sua variação de frequências. É como fosse uma vibração, parecida ao efeito da batida das baterias das escolas de samba. Nesses casos, os médicos podem optar pelo uso de um implante para estimular diretamente o nervo auditivo, que é o responsável por enviar ao cérebro os sinais sonoros do ambiente (Priscilla Oliveira Silva Bomfim, Núcleo de Pesquisa, Ensino, Divulgação e Extensão em Neurociências, Universidade Federal Fluminense).


CHC, JAN/FEV 2024.

domingo, 7 de abril de 2024

Clima e tempo, sabe a diferença?

 Clima e tempo -  anote aí! _ não são sinônimos. Para compreender bem as mudanças climáticas, é importante saber diferenciá-los. O tempo se refere ao estado momentâneo e atual das condições meteorológicas. Assim, quando se diz, por exemplo, que hoje está frio e chuvoso em uma determinada cidade, estamos nos referindo ao tempo. Já o clima se refere aos padrões de variação das condições meteorológicas ao longo dos anos. Por esta razão, mesmo que as mudanças climáticas atuais estejam relacionadas ao aquecimento global, é possível que ainda ocorram dias muitos frios no inverno. Afinal, as mudanças climáticas dizem respeito às tendências gerais (globais e duradouras) e não aos eventos locais e momentâneos (Vinícius São Pedro, Centro de Ciências da Natureza, Universidade Federal de São Carlos).


CHC, JANEIRO/FEVEREIRO 2024.

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Como funciona a bala que explode na boca?

 De laranja, morango, chocolate... Humm! As balas são tão  gostosas... Mas, como qualquer guloseima, as balas são para nos deliciar uma vez ou outra. O excesso, a gente sabe, pode provocar cáries ou causar obesidade. Mas será que existe ciência nas balas? Pode apostar que sim! Agora, por exemplo, você vai saber sobre o tipo que explode na boca.

Bala gostosa e explosiva, alguém aí conhece? Pois vale a pena juntar umas moedinhas para experimentar. Elas não causam qualquer dano à saúde e, na verdade, parecem mais um granulado do que uma bala. O segredo da sua fórmula são cristais de açúcar que guardam bolhas de gás carbônico sob alta pressão.

Mas a bala explosiva contém, ainda, outros ingredientes. Ela é produzida a partir da combinação de alguns açucares, como sacarose e lactose ou sacarose e xarope de milho. Sua fórmula ainda leva amido, gelatina ou goma -  como ágar, alginato, pectina - ingredientes que ajudam a aumentar a quantidade de gás carbônico aprisionado, além de acidulantes, flavorizantes e corantes. Quanto nome esquisito!

Bom, mas o importante é que, na fábrica, tudo isso é misturado e aquecido sob alta pressão, até que os açúcares passem do estado sólido ao estado líquido. Neste ponto, é que o gás carbônico é adicionado à mistura. Depois, o líquido esfria, ainda sob alta pressão, para deixar as bolhas de gás carbônico aprisionadas no interior do grande torrão de açúcar que se formou.

Quando a pressão é liberada, o tal torrão de açúcar se parte em pedaços bem pequenos, como um granulado. As bolhas de gás carbônico continuam no interior dessas minibalas, que são vendidas em pacotinhos

Abra um pacotinho desses e deixe o doce entrar em contato com a umidade de sua boca. O açúcar vai se dissolver e... Ploft! Ploft! Ploft! Você vai sentir o estouro das bolhas. O mesmo efeito pode ser conseguido se a bala for mastigada.

A fórmula dos cristais de açúcar explosivos já pode ser encontrada em outros doces, como chicletes e chocolates. Quando puder provar um docinho, experimente uma dessas delícias explosivas! (Joab Trajano Silva, Instituto de Química, UFRJ).


CHC, Outubro de 2009.


quinta-feira, 15 de junho de 2023

É verdade que um fio de teia de aranha requer 85g de massa para se romper e que antes disso ele estica até 20%? Que espessura deve ter o fio para o emprego dessa massa?

 A teia de aranha, assim como as fibras nanoscópicas de carbono (nanotubos de carbono), é o material de maior resistência mecânica que se conhece. O diâmetro típico do fio da teia de aranha é de alguns décimos de milésimos de milímetro. A propriedade física que caracteriza a resistência mecânica de um material é a tensão de ruptura, definida como a razão entre a força aplicada ao material para seu rompimento e a  área de sua seção transversal. Algumas aranhas com massa da ordem de 10g são capazes de ficar suspensas por um único fio. Avaliando-se a tensão mecânica desse exemplo, obtém-se um valor superior à tensão de ruptura típica do aço, o que significa que, se fosse feito dessa liga, o fio de teia não suportaria o peso da aranha. O fio da teia da aranha é de tal modo resistente, que pode sustentar o peso do animal em uma extensão de 70Km, o que é impossível para um fio de aço nas mesmas condições. O material de que é feito o fio da teia de aranha - a seda - contém principalmente uma proteína que, dentro da glândula, possui massa molecular de 30 mil u.m.a (unidade de massa atômica). Fora da glândula, em contato com o ar, ela se polimeriza para dar origem à fibroína, cuja massa molecular é de 300 mil u.m.a. O fio da teia de aranha é uma fibra polimérica com grande capacidade de estiramento, muito superior a outras fibras conhecidas, como, por exemplo, o náilon. Enquanto um fio de teia de aranha pode ser esticado em até 40% de seu comprimento sem se romper, o náilon suporta apenas 20% de estiramento. Há hoje grande interesse na aplicação tecnológica da teia de aranha na indústria têxtil e em biotecnologia, devido às suas singulares características de leveza, alta resistência mecânica e biocompatibilidade (Luiz Orlando Ladeira, Departamento de Física, Universidade Federal de Minas Gerais).

quinta-feira, 23 de março de 2023

E o que é hidrogênio verde?

 O hidrogênio verde é aquele produzido a partir de fontes renováveis de energia, com uma liberação bastante baixa ou nula de gases de efeito estufa para a atmosfera. Atualmente, o principal processo utilizado para a produção de hidrogênio é a reforma a vapor de hidrocarbonetos, compostos obtidos a partir do petróleo. Esse processo, além de utilizar hidrocarbonetos, leva à produção de gás carbônico como subproduto. O hidrogênio produzido dessa forma recebe a denominação de hidrogênio cinza e, convenhamos, não está nada de acordo com o que é preconizado para uma produção sustentável de energia. 
Quando o gás carbônico gerado como produto lateral desse processo pode ser capturado, utilizado para outros fins ou estocado, minimizando sua emissão para a atmosfera, o hidrogênio proveniente recebe a denominação de hidrogênio azul. Apesar da melhoria no que diz respeito à emissão de gases de efeito estufa, ainda há a utilização de combustíveis fósseis, o que se caracteriza como uma desvantagem. 
Já o hidrogênio verde é produzido, principalmente, através da eletrólise da água, um processo no qual uma corrente elétrica passa pela água, levando à sua decomposição e à produção de hidrogênio e oxigênio. Porém, é fundamental que a energia elétrica necessária para esse processo seja proveniente de fontes renováveis como a energia solar e a energia eólica. Assim, podemos evitar tanto a utilização de combustíveis fósseis, quanto a emissão de gases de efeito estufa (Raoni Schroeder, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro).


Revista Ciência Hoje, Jan-Fev 2023.


segunda-feira, 21 de novembro de 2022

QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE CONHECER A FORMA DA TERRA?

 Conhecer tanto a forma como a dimensão da Terra é fundamental para operações relacionadas ao
 posicionamento terrestre, à navegação (seja terrestre, marítima ou aérea) e a elaboração de mapas,
 com detalhamentos variados. Pequenas incertezas nessa determinação podem ser responsáveis por
 grandes erros. A forma e as dimensões do nosso planeta podem ser definidas com diferentes graus de exatidão. 
Até meados do século 17, considerava-se a Terra como uma esfera regular. Com as novas teorias
 físicas (newtonianas), foi possível qualificar melhor as forças gravitacionais. Por meio de medições realizadas
 em diferentes latitudes, foram identificadas diferenças expressivas entre os raios geométricos do planeta. Foi
o xeque-mate para o paradigma da Terra esférica.
Quando se colocou em questão o valor constante do raio da Terra, chegou-se a um novo conceito: o de um
 elipsoide de revolução. Achatado nos polos, o elipsoide de revolução é ainda hoje a figura matemática que
 os geodesistas (cientistas dedicados a estudar, entre outras questões, a forma e as dimensões da Terra) 
consideram a que mais se adapta à forma verdadeira da Terra. Ela é representada fisicamente como um 
geoide, que, de forma simples, pode ser definido como uma superfície fictícia determinada pelo prolongamento
 do nível médio dos mares sobre os continentes.
A superfície terrestre é irregular, com deformações, e seu formato está em constante modificação, consequência
 das ações erosivas, dos vulcões, do movimento das placas tectônicas, dos ventos, das chuvas, das ações do
 homem etc. Para representar a superfície terrestre em um plano, é necessário que se adote uma superfície de
 referência, que corresponda a uma figura matematicamente definida. Dependendo do propósito do mapeamento,
 a representação da Terra pode variar entre um plano tangente à superfície terrestre (específico para representação
 de pequenas áreas – um terreno, por exemplo), um elipsoide de revolução (para representar áreas maiores, como
 um país) ou uma esfera (para o caso de áreas muito maiores, como um continente ou o próprio globo terrestre,
 quando, na escala de representação utilizada, os raios equatorial e polar não apresentam diferença significativa. 
(Adaptado de Nem plana, nem redonda, coluna Geoinformação, CH 345)
Carla Madureira Cruz, Departamento de Geografia, Instituto de Geociências, UFRJ.

domingo, 21 de agosto de 2022

Um cadáver poderia permanecer eternamente no espaço sem se deteriorar?

As condições no espaço, como a ausência de oxigênio e as temperaturas negativas, de fato, conservam melhor. Mas, mesmo assim, ele vai se deteriorar por causa das bactérias anaeróbicas, que não precisam de oxigênio e estão dentro do nosso próprio corpo. O médico-legista Luiz Prestes Jr. diz que a putrefação se iniciaria logo após a morte. Para a conservação do cadáver existem técnicas como a criogenia, que congela o corpo com nitrogênio líquido, ou a tanatopraxia, na qual se injetam substâncias conservantes que retardam a ação das bactérias. 

Super, Maio de 2010.