Conhecer tanto a forma como a dimensão da Terra é fundamental para operações relacionadas ao
posicionamento terrestre, à navegação (seja terrestre, marítima ou aérea) e a elaboração de mapas,
com detalhamentos variados. Pequenas incertezas nessa determinação podem ser responsáveis por
grandes erros. A forma e as dimensões do nosso planeta podem ser definidas com diferentes graus de exatidão.
Até meados do século 17, considerava-se a Terra como uma esfera regular. Com as novas teorias
físicas (newtonianas), foi possível qualificar melhor as forças gravitacionais. Por meio de medições realizadas
em diferentes latitudes, foram identificadas diferenças expressivas entre os raios geométricos do planeta. Foi
o xeque-mate para o paradigma da Terra esférica.
Quando se colocou em questão o valor constante do raio da Terra, chegou-se a um novo conceito: o de um
elipsoide de revolução. Achatado nos polos, o elipsoide de revolução é ainda hoje a figura matemática que
os geodesistas (cientistas dedicados a estudar, entre outras questões, a forma e as dimensões da Terra)
consideram a que mais se adapta à forma verdadeira da Terra. Ela é representada fisicamente como um
geoide, que, de forma simples, pode ser definido como uma superfície fictícia determinada pelo prolongamento
do nível médio dos mares sobre os continentes.
A superfície terrestre é irregular, com deformações, e seu formato está em constante modificação, consequência
das ações erosivas, dos vulcões, do movimento das placas tectônicas, dos ventos, das chuvas, das ações do
homem etc. Para representar a superfície terrestre em um plano, é necessário que se adote uma superfície de
referência, que corresponda a uma figura matematicamente definida. Dependendo do propósito do mapeamento,
a representação da Terra pode variar entre um plano tangente à superfície terrestre (específico para representação
de pequenas áreas – um terreno, por exemplo), um elipsoide de revolução (para representar áreas maiores, como
um país) ou uma esfera (para o caso de áreas muito maiores, como um continente ou o próprio globo terrestre,
quando, na escala de representação utilizada, os raios equatorial e polar não apresentam diferença significativa.
(Adaptado de Nem plana, nem redonda, coluna Geoinformação, CH 345)
Carla Madureira Cruz, Departamento de Geografia, Instituto de Geociências, UFRJ.
A particularidade deste blog está em apresentar as perguntas - sobre assuntos que envolvam conteúdos de física, dos leitores (e/ou colaboradores) de revistas de divulgação científica - em conjunto com a resposta. O objetivo é “transformar” a pergunta e a respectiva resposta em um texto didático e dinâmico para o ensino de física. (http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol7/Num1/v12a02.pdf)
segunda-feira, 21 de novembro de 2022
QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE CONHECER A FORMA DA TERRA?
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