Quem escolhe o nome científico de um novo organismo são os pesquisadores que o descrevem formalmente, em livros ou revistas especializadas, após concluírem que ele têm características que o diferem das demais espécies conhecidas. Mas os nomes científicos precisam seguir normas dos códigos internacionais de nomenclatura (CIN).
Atualmente, existem cinco códigos, cada um com suas peculiaridades. Eles se destinam à nomenclatura de: (1) bactérias; (2) animais e protozoários; (3) algas, fungos e plantas; (4) plantas cultivadas; e (5) vírus. Os três primeiros seguem a chamada 'nomenclatura binominal', ou seja, aquela formada por dois nomes: primeiro, o gênero (escrito com inicial maiúscula) e, depois, o nome específico ou epíteto específico (escrito apenas com letras minúsculas). Por exemplo: Cyanopsitta spixii (ararinha-azul), Theobroma grandiflorum (cupuaçu) e Escherichia coli (bactéria do trato intestinal). Eventualmente, pode ser aplicado um trinome para indicar subespécies, como em Diceros bicornis minor e Diceros bicornis occidentalis, duas subespécies de rinoceronte-negro.
No caso das plantas cultivadas, a regra básica é adicionar o nome do cultivar entre aspas simples após o nome científico da espécie, como em Ananas comosus 'Pérola', nome do abacaxi- pérola. Repare que os nomes científicos de gêneros, espécies e subespécies devem sempre ser escritos em destaque, seja em itálico (forma mais comum) negrito, ou sublinhado.
A nomenclatura dos vírus é bem diferente. Por exemplo, todo gênero deve conter o sufixo vírus, como em Flavivírus, gêneros dos vírus da febre-amarela e dengue. Porém, o nome científico da espécie é completamente diferente e faz referência à doença causada, devendo estar em inglês e itálico. Assim, o nome do científico do vírus da febre-amarela é Yellow fever virus e o da dengue é Dengue vírus.
Tradicionalmente, os nomes científicos têm origem em palavras do latim (como Canis) ou do grego (Como Mycobacterium), mas podem ser usadas de qualquer língua. As indígenas são bastante adotadas, como Manihot (gênero da mandioca). Também se usam combinações arbitrárias de letras (como o gênero de caramujos Zyzzyxdonta), desde que sejam usadas apenas as letras do alfabeto latino básico, sem acentuação gráfica (til, acentos, cedilha etc).
O nome científico pode fazer referência a alguma característica morfológica do organismo ou à sua procedência. Pode também se basear em alguma divindade ou criatura mitológica, prestar homenagem a alguém (geralmente, a outro pesquisador ou a um familiar do descobridor), ou simplesmente não ter significado algum. recentemente, tem sido comum dar nomes em homenagem a personalidades famosas (reais ou da ficção), o que atrai a atenção da mídia e do público em geral. Essa prática recebe críticas de alguns pesquisadores mais 'puristas', mas inegavelmente tem a vantagem de colocar a taxonomia sob holofotes e, quiçá, despertar o interesse de jovens pela profissão (Henrique Caldeira Costa, Programa de Pós-Graduação em Zoologia, Universidade Federal de Minas Gerais).
CIÊNCIA HOJE, Agosto de 2018.
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