A atmosfera que envolvia a Terra há 4,6 bilhões de anos era provavelmente constituída de hidrogênio e hélio, os dois gases mais abundantes do universo, e de compostos de hidrogênio, como o metano e amônia. Acredita-se que essa atmosfera primitiva tenha escapado para o espaço exterior devido ao calor da superfície da jovem Terra e da leveza desses gases. Uma segunda atmosfera ter-se-ia formado a partir de gases e vapor d´água que emanavam das rochas fundidas (magma) no interior da Terra através de vulcões e fumarolas da litosfera.
A concentração de oxigênio, o segundo gás mais abundante no planeta, provavelmente começou a ocorrer de modo lento, graças ao processo de fotodissociação, isto é, à quebra da molécula de água por fótons que compõem a radiação solar. O hidrogênio, por ser muito leve, escapou para o espaço exterior, enquanto o oxigênio se manteve na atmosfera. A vegetação marinha, através da fotossíntese, pode ter contribuído para elevar mais rapidamente a concentração desse gás. Formado o oxigênio, a camada de ozônio passou a se estabelecer pelo mesmo processo, também chamado fotólise. Uma molécula de O2, constituída de dois átomos de oxigênio, é quebrada pela radiação ultravioleta (UV) do Sol. Os átomos liberados se recombinam formando ozônio (O3).
Essa reação fotoquímica só ocorre na estratosfera, entre 20 e 50 Km de altura, pois é a região onde há fluxo intenso de UV. Por absorver UV na produção de O3, a estratosfera se aquece, fica mais leve que os níveis mais altos da troposfera, a camada mais próxima da superfície, e o transporte gasoso torna-se muito reduzido entre as duas camadas. Dessa forma, o O3 se acumula na alta estratosfera, formando uma camada.
A radiação UV, por conter muita energia, inviabilizaria a vida na Terra. Mas, como a formação de ozônio consome radiação UV, a camada desse gás, tão logo se formou, permitiu que a vida passasse dos oceanos para os continentes. A camada de ozônio filtra, assim, boa parte dos raios ultravioleta, tornando possível a existência de vida terrestre.
Essa camada apresenta grande variabilidade, tanto no espaço como no tempo, sendo mais fina nas regiões equatoriais e mais espessa nos pólos. Pessoas de pele branca, com baixo teor de melanina, correm o risco de contrair câncer de pele (melanoma) ao se exporem ao Sol tropical, já que a camada de O3 absorve poucos raios ultravioleta por ser mais fina sobre essa região (Luiz Carlos Baldicero Molion, Departamento de Meteorologia, Universidade Federal de Alagoas).
Ciência Hoje, setembro de 1991.
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