O fenômeno é causado principalmente pela eletrização dos materiais por atrito. O corpo humano é eletrizado pela fricção com roupas, tapetes, sofás etc. já um carro, em outro exemplo, é eletrizado pelo atrito com a poeira e outras partículas do ar. Quando um material eletrizado se aproxima de outro ocorre uma rápida transferência de elétrons, já que as cargas tendem a se equilibrar. Se um desses objetos for a mão de uma pessoa, essa corrente, a partir de determinada voltagem, é percebida como um rápido choque. Um choque desses pode alcançar centenas de volts, mas não causa danos à saúde por ter curta duração e baixa intensidade.
Uma das condições para que o fenômeno aconteça é exatamente o clima seco. Nos dias úmidos, as gotículas de água - um condutor relativamente bom - suspensas no ar descarregam lentamente a carga elétrica acumulada nos materiais, inclusive no corpo (o corpo, com muita água em sua composição, só fica carregado se o calçado for excelente isolante). No tempo seco, porém a carga elétrica fica retida e, sem ter para onde ir, é descarregada quando há contato ou proximidade com um objeto condutor, como o corpo humano. A intensidade do choque depende de vários fatores, entre eles os materiais de que são feitas as roupas e calçados. Algumas roupas de materiais sintéticos e alguns tipos de lã ganham ou perdem cargas elétricas com maior facilidade.
Esses choques atingem tanto turistas quanto nativos. O que pode acontecer é que, em razão da grande frequência, os habitantes de certas regiões mais secas adotem, mesmo inconscientemente, hábitos que reduzem a eletrização, como usar certos tipos de tecidos e calçados. Além disso, os nativos podem simplesmente não relatar o fenômeno, em geral de baixa intensidade, ou já estar habituados a ele, por fazer parte do seu dia a dia. No entanto, para confirmar essas hipóteses, seriam necessários estudos específicos (André Massafferri, Coordenação de Física de Partículas Experimental de Altas Energias, Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - CBPF).