Pedaços de foguetes, ferramentas, satélites em desuso e até - sinto muito, mas é preciso dizer - cocô e xixi congelados de astronauta giram em torno da terça. Sim, isso é o que se chama de lixo espacial!
A maior parte desse lixo, vale ressaltar, é resultante da explosão acidental de satélites, que os faz em pedacinhos. Para você ter uma ideia, mais de 120 eventos desse tipo já foram detectados pela NASA - a Agência Espacial Americana - e acredita-se que esse número pode ser bem maior.
Alguns satélites também são deliberadamente destruídos. Como foi, por exemplo, o caso do teste de um míssil chinês realizado em 2007. Ele foi lançado com o objetivo de atingir um satélite que estava em desuso. Todo o material resultante da destruição - pedaços do satélites e do míssil - continua na órbita da Terra. Podem ocorrer, também, colisões entre o material abandonado no espaço, gerando ainda fragmentos.
É importante destacar que a maior parte do lixo espacial orbita a menos de dois mil quilômetros de distância da superfície da Terra, tornando-se um risco para os novos lançamentos que são realizados, dado que quase todas as missões tripuladas ficam abaixo dessa altitude. Já existem até alguns casos de colisão desses objetos com naves tripuladas, ainda bem poucos, mas que já foram registrados. Um perigo a mais para os astronautas.
Para minimizar o problema, já se imagina produzir uma lixeira espacial com o objetivo de recolher esse material abandonado. Ela seria composta por satélites com capacidade de coletar o lixo abandonado no espaço. Já há uma lixeira desse tipo em funcionamento na Estação Espacial Internacional, é a nave automática russa Progress, responsável por levar periodicamente suprimentos para a estação e, no retorno para a Terra, trazer o lixo produzido por lá.
Como se não fosse o suficiente poluir a superfície do nosso planeta, estamos também poluindo o espaço! As novas gerações terão um trabalho e tanto (Marcelo de Oliveira Souza, laboratório de Ciências Físicas, Universidade Estadual do Norte Fluminense).
Números do lixo espacial: Desde o Sputnik - o primeiro satélite artificial da Terra, lançado em 1957 - até o início de setembro de 2007, foram realizados cerca de 4.500 lançamentos orbitais. A NASA estima que haja atualmente, girando ao redor da Terra, cerca de 11 mil objetos com diâmetro superior a 10 centímetros e mais de 100 mil objetos com diâmetro entre um e 10 centímetros, além de mais de 10 milhões com tamanho menor do que um centímetro. Haja lixeira!
Ciência Hoje das Crianças, jan/fev de 2008.